Toxicidade e riscos ecológicos das tintas anti-incrustantes de terceira geração: Toxicidade e efeitos da diclofluanida sobre organismos marinhos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cruz, Ana Carolina Feitosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180741
Resumo: Centenas de compostos são detectados nos diferentes compartimentos ambientais podendo ser de origem natural ou antrópica. Em muitos casos, pouco se sabe a respeito desses compostos, não havendo regulações sobre seu uso, e por isso são denominados compostos de interesse emergente. Dentre eles podem ser citados os biocidas das tintas anti-incrustantes. Tais tintas são utilizadas para proteger e combater a formação e o estabelecimento de comunidades bioincrustantes sobre superfícies expostas à água do mar. Elas são aplicadas em diversas estruturas, tais como embarcações, plataformas petrolíferas, tubulações submarinas, comportas de represas, tanques destinados à aquicultura, entre outras. Assim, essas tintas são utilizadas com o intuito de preservar as estruturas, bem como, a manter a navegabilidade, no caso das embarcações. O composto de interesse para este estudo é um dos biocidas utilizados nas tintas anti-incrustantes, a diclofluanida. Devido as suas características físico-químicas, parte da diclofluanida liberada na coluna d’água tenderá a adsorver ao material particulado e se depositará nas camadas sedimentares. Desta forma este estudo teve o objetivo de avaliar a toxicidade e efeitos subcrônicos da diclofluanida em exposições realizadas em água e sedimento com espécies marinhas. Além disso, experimentos utilizando sedimento também tiveram o objetivo de comparar a influência de diferentes concentrações de matéria orgânica sobre a toxicidade de sedimentos contendo diclofluanida. Para os testes ecotoxicológicos em água foram utilizados embriões do ouriço-do-mar da espécie Echinometra lucunter e fêmeas ovígeras do copépodo Nitocra sp. Já os testes em sedimento foram conduzidos com o copepódo Nitocra sp. e com o anfípodo Tiburonella viscana. No teste de exposição subcrônica à soluções aquosas foram utilizados bivalves da espécie Perna perna, e para sedimentos fortificados foram usados bivalves adultos de Anomalocardia flexuosa. Em seguida, foi realizada a técnica da retenção do vermelho neutro (apenas para P. perna), sendo também analisados o dano em DNA, teores de LPO, GSH, e atividades de GST, EROD, AChE e GPx para ambas as espécies. Para os sedimentos também foram realizadas as análises granulométricas, teor de carbonato de cálcio e de matéria orgânica. Nos testes ecotoxicológicos com soluções aquosas, os níveis tóxicos foram superiores às concentrações ambientais. Embriões de E. lucunter apresentaram maiores porcentagens de larvas anormais a partir da concentração de 1 μg/l, que foi a menor concentração de efeito observado (CEO); a Concentração Efeito Não Observado (CENO) foi de 0,1 μg/l. A CE50–40h foi de 198,5 μg/l e CE10–40h foi de 0,3577 μg/l. Nos testes com Nitocra sp., a CEO foi de 100 μg/l e a CENO foi de 10 μg/l. A CE10-7d foi de 0,0635 μg/l enquanto a CE50-7d foi de 583,83 μg/l. Nos testes de sedimento, as concentrações testadas não foram tóxicas ao copépodo Nitocra sp., e as fecundidades foram semelhantes quando comparados os dois tipos de sedimentos. Para T. viscana as taxas de mortalidade aumentaram 40% na concentração de 1000 ng/g e 30% na concentração de 10000 ng/g. Ao comparar os dois sedimentos, a maior diferença entre as mortalidades foi observada em 1000 ng/g, sugerindo que há uma influência da matéria orgânica na toxicidade da Diclofluanida. Essas investigações mostram que a diclofluanida mostra-se tóxica aos invertebrados marinhos e que, nos sedimentos, sua toxicidade pode ser influenciada pelo nível de matéria orgânica. Para as exposições subcrônicas em água, foi possível observar efeito nas maiores concentrações no vermelho neutro denotando perda da estabilidade lisossômica. Para os biomarcadores também foi possível observar alterações nas glândulas digestivas e brânquias. Para sedimento é possível prever efeito em ambos os órgãos internos e há um incremento dos efeitos nos sedimentos com maiores teores de matéria orgânica. No presente estudo foi possível constatar que o diclofluanida foi responsável por gerar respostas em todos os ensaios de toxicidade realizados em água e apenas um efeito agudo no sedimento com alto teor de matéria orgânica. Os dados de biomarcadores corroboram com os testes de toxicidade. Em água é possível observar um efeito aos organismos nas maiores concentrações testadas e em sedimento é possível observar um aumento de efeito nos organismos nos sedimentos ricos em matéria orgânica.