Crianças vítimas de abuso sexual: um estudo de caracterização a partir do relato de mães

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bonaccorsi, Caroline
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190722
Resumo: O abuso sexual causa impactos para a vítima e sua família, o que pode levar a alterações de comportamento e gerar consequências para a saúde mental. No caso das mães das vítimas, estas consequências podem interferir nas práticas parentais e no relacionamento com os filhos. As habilidades sociais educativas contribuem para o responsável agir de forma mais adequada mesmo em contextos adversos, como diante da ocorrência do abuso sexual. Assim, o objetivo geral deste estudo foi descrever e comparar as práticas parentais (habilidades sociais educativas, práticas educativas negativas e variáveis de contexto), a saúde mental (sintomas de ansiedade e depressão) de mães de crianças vítimas de abuso sexual e o repertório comportamental (habilidades sociais e os problemas de comportamento) dos filhos, de acordo com o relato das mães sobre as crianças. Participaram da pesquisa 13 mães de crianças com idades entre três e onze anos, que foram encaminhadas ao CREAS de uma cidade do interior paulista devido à ocorrência ou indício de abuso sexual infantil. Foram utilizados seis instrumentos: I- Roteiro de entrevista semiestruturado para responsáveis de crianças sobre a situação de abuso sexual; II- Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P); III- Checklist de Habilidades Sociais Educativas e de Práticas Negativas para Pais; IV- Inventário de Comportamentos da Infância e Adolescência (CBCL); V- Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e VI- Inventário de Depressão de Beck (BDI-II). As variáveis do estudo foram comparadas tendo por critério as crianças apresentarem ou não problemas de comportamento no CBCL e a Análise do Comportamento foi o referencial teórico utilizado. No CBCL seis crianças tiveram classificações clínicas e sete tiveram classificações não clínicas, sendo mais frequentes os problemas de comportamento internalizantes. Nas médias de escores do RE-HSE-P e do Checklist, as mães do grupo clínico apresentaram mais práticas negativas e menos práticas positivas, sendo que o inverso ocorreu para as mães do grupo não clínico. As participantes do grupo clínico também apresentaram médias maiores de escores para sintomas de ansiedade e depressão em comparação ao grupo não clínico. Porém, os dados individuais das participantes no RE-HSE-P indicaram déficits em habilidades sociais educativas parentais e frequente utilização de práticas educativas negativas enquanto as crianças apresentaram reservas comportamentais quanto às habilidades sociais infantis e baixa frequência de queixas de problemas de comportamento. Considera-se que esses dados possam estar relacionados com o abuso sexual sofrido pelas crianças e a característica protetiva apresentada pelas mães da amostra estudada, já que na análise temática do roteiro de entrevista sobre a situação de abuso sexual foram identificadas práticas parentais positivas e queixas sobre as alterações de comportamento das crianças. Houve boa variabilidade nas interações entre as mães e as crianças em ambos os instrumentos. Os achados indicaram relações entre as variáveis pesquisadas e apontaram possibilidades de ações preventivas e de intervenção, principalmente quanto à necessidade de orientações sobre educação sexual e da ação dos serviços da rede de proteção diante dessa forma de violência.