Na santa, a devassa: figurações do feminino em Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Camargo, Fernanda Barini [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152607
Resumo: A obra do longevo cineasta português Manoel de Oliveira (1908-1922) constitui um grande tributo à arte. Ao longo de sua carreira, o cineasta desenvolveu um cinema de relação visceral com a literatura em seus mais diversos gêneros, homenageando escritores portugueses e estrangeiros. Dentre as parcerias fundamentais para o entendimento de sua ficção está aquela que estabeleceu com a escritora Agustina Bessa-Luís (n. 1922), da qual resultou um trabalho criativo vulcânico, embora nem sempre concordante. Certamente, o elo mais significativo entre as páginas da romancista e a tela do cineasta é o protagonismo de personagens femininas enigmáticas, cujas figurações assumem ora a máscara da santa, ora a da devassa. Assim, um estudo comparativo entre um díptico de Manoel de Oliveira, composto pelos longas-metragens O Princípio da Incerteza (2002) e Espelho Mágico (2005), e os seus respectivos textos de origem, Joia de Família (2001) e A alma dos ricos (2002) é o escopo deste trabalho. Pretendemos investigar a construção de sentidos orquestrada pela tradução intersemiótica do cineasta na (re)elaboração de suas personagens femininas, considerando as relações, que sistematicamente se estabelecem, na sua obra, entre cinema e literatura. A escolha do corpus a investigar justifica-se pela relevância do jogo de espelhos que os dois filmes, interligados, propõem: as protagonistas femininas (interpretadas por Leonor Silveira e Leonor Baldaque, musas do cineasta) oscilam entre a figura da santa e a da devassa alternadamente, constituindo deste modo uma espécie de síntese da concepção do universo feminino que perpassa muito significativamente todo o cinema de Oliveira desde O passado e o presente (1972).