Educação tradicional e moderna na Guiné-Bissau e o impacto da língua portuguesa no ensino: caso das crianças da etnia Balanta-Nhacra de Tombali

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Namone, Dabana [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194202
Resumo: Na Guiné-Bissau falam-se várias línguas étnicas e a língua crioula, a mais falada. Contudo, a língua portuguesa é a oficial e a única de ensino, embora seja falada apenas por 11% da população, cuja maioria reside na capital Bissau. A transmissão dos conhecimentos entre diferentes grupos étnicos do país é dominada pela tradição oral. Por exemplo, a educação entre os Balantas-Nhacra, protagonistas dessa pesquisa, é transmitida via cultura oral e na língua materna. Sendo assim, a presente pesquisa analisou as consequências da língua portuguesa (LP) na trajetória escolar dos estudantes em Guiné-Bissau, especialmente dos alunos da 1ª a 4ª classe (série) da etnia Balanta-Nhacra, na região de Tombali, sul do país. Especificamente, apresentou-se a estrutura sociopolítica, cultura material e imaterial e as diferentes fases da educação entre os Balantas-Nhacra; descreveram-se os objetivos da política de assimilação e da LP na educação do conquistador português no território, hoje Guiné-Bissau; analisou-se a política linguística adotada pelo Estado da Guiné-Bissau e os motivos que levaram a elite política (a maiora assimilada pela educação colonialista) que dirigiu a luta de independência do país, a escolher a LP como a única do ensino no país; discutiu-se o impacto da LP na trajetória escolar dos alunos guineenses, particularmente, os da etnia Balanta-Nhacra na região de Tombali. Inicialmente, avançou-se com a hipótese de que a LP contribui para o fracasso ou insucesso escolar dos alunos no país, especificamente, as crianças Balantas-Nhacra do ensino básico da região de Tombali, porém, essa hipótese não foi confirmada no campo. O que se confirmou, graças à observação direta, somada a análise dos dados feitos pelo pesquisador, foi o insucesso do próprio sistema de ensino, na medida em que a LP é a única e obrigatória no ensino. Além disso, a LP é ensinada como a língua materna das crianças, cuja maioria desconhece o idioma, sobretudo no interior do país, caso das crianças Balanta-Nhacra de Tombali, que só falam a língua materna, pois poucas falam o crioulo. Portanto, concluiu-se que o insucesso escolar não é dos alunos. Estes apenas sofrem as consequências do insucesso de sistema do ensino, pautadas na língua estranha da realidade sociocultural guineense. Sendo assim, a tese sugere discussões sobre o impacto da LP no ensino; mudança no currículo escolar e no planejamento linguístico; adoção da educação intercultural focada na valorização da diversidade cultural e sociolinguística do país. Como referenciais teóricos, optou-se pela tradição oral; pela antropologia da educação; pela antropologia linguística e pela educação intercultural. A metodologia utilizada consiste, na pesquisa bibliográfica/documental e a pesquisa de campo: entrevista e observação direta, nas escolas e nas tabancas/aldeias pesquisadas.