Educação científica intercultural: contribuições para o ensino de química nas escolas indígenas Ticuna do Alto Solimões - AM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Monteiro, Ercila Pinto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157462
Resumo: Esta pesquisa abarca reflexões fundamentadas nos estudos pós-coloniais de Fanon (1963), Said (1978) e Bhabha (1998) que ajudam a pensar sobre o modelo de ensino de ciências/química que vem se estabelecendo nas escolas indígenas Ticuna, levantando tais questionamentos: Qual é o modelo atual de ensino de química estabelecido nas escolas indígenas? Quê modelo de ensino os indígenas desejam? Quais são as mudanças necessárias? A pesquisa foi realizada durante seis (6) meses em quatro comunidades indígenas Ticuna do Brasil na região do Alto Solimões-AM por meio de um estudo etnográfico fundamentado nos estudos de Bourdieu (1987, 20012) e Malinowski (1977), onde se buscou objetivar os agentes sociais e o próprio pesquisador para a compreensão do pensamento indígena sobre educação e vivenciar a realidade indígena para conhecer sobre os seus conhecimentos tradicionais. Obviamente que para obter as informações em campo, recorreu-se aos instrumentos analíticos, como: diário de campo, observação direta e indireta, entrevistas e registros fotográficos. As relações estabelecidas in situ foram compreendidas através das observações diretas, registros de conversas informais e entrevistas gravadas feitas com as lideranças comunitárias, moradores, professores indígenas e gestores escolares (24 participantes no total). Assim as categorias discutidas nesta tese não foram definidas a priori, mas apareceram à medida que a pesquisa etnográfica acontecia, ou seja, conforme o discurso revelado pelos “agentes sociais”. Evidentemente, que para compreender o discurso do campo educativo foi necessário provocar os agentes sociais a relatar sobre questões que envolvessem: educação intercultural, ensino de química ou escola indígena. Dessa forma, as categorias que apareceram se tornaram essenciais para a tessitura das discussões fundamentais a respeito da educação intercultural, do currículo escolar indígena, do campo político da educação escolar indígena, entre outros. Em geral, os resultados mostram que o ensino de ciências atual estabelecido nas escolas indígenas Ticuna é de caráter bilíngue e bem tradicional. O capital cultural científico tem predominado dentro da sala de aula, havendo o consenso entre os Ticuna de que é necessário mudar. A busca por mudanças no funcionamento da escola é constante, mas os indígenas ainda encontram bastantes dificuldades, como problemas de formação, avaliação, currículo fechado, pedagogias tradicionais, entre outros. Assim, das contribuições suscitadas neste estudo, pode-se afirmar que há a composição de um quadro teórico sobre a epistemologia dos conhecimentos tradicionais Ticuna identificados como: cosmológicos, fenomenológicos, históricos e sustentáveis que ajudam a compreender aspectos próprios da cultura, há propostas sobre a composição de um currículo de ciências/química mais integrado e aberto aos conhecimentos tradicionais e há também a sugestão de estratégias didáticas pedagogicamente mais sensível à cultura indígena, que podem tornar as aulas de química mais interessantes a realidade local.