Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Pedroso, Luiz Gustavo de Almeida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/235757
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Resumo: |
A especificidade é um aspecto crucial que governa as interações entre simbiontes e hospedeiros. Geralmente a especificidade está ligada ao potencial de transmissão, à plasticidade adaptativa, e à disponibilidade de hospedeiros de simbiontes. Apesar da importância, a especificidade ainda é um assunto complexo em muitos sistemas simbiontehospedeiro, especialmente quanto ao potencial de simbiontes emergirem em novos hospedeiros. Ácaros de penas (Astigmata: Analgoidea e Pterolichoidea) são exemplos de simbiontes altamente específicos. Por serem ectosimbiontes obrigatórios e de aparente baixa mobilidade, a transmissão em ácaros de penas ocorre de maneira íntima no contato entre hospedeiros. Ocorrendo primeiramente verticalmente, dos genitores para seus descendentes, durante o desenvolvido cuidado parental das aves. Acredita-se que a transmissão vertical seja um fator chave responsável pela alta especificidade observada em ácaros de penas, onde muitas espécies de ácaros são encontradas apenas em espécies intimamente relacionadas. Portanto, sistemas que alteram os padrões de transmissão de ácaros de penas oferecem uma oportunidade valiosa de investigação da relação entre transmissão, especificidade, e distribuição geográfica. Aqui entra o chupim (Molothrus bonariensis), uma ave nidoparasita generalista que depende de outras espécies de aves para encubar seus ovos e cuidar de seus ninhegos, o que impede a transferência vertical intraespecífica de ácaros de penas. Não é surpresa que esse sistema ainda não tenha sido estudado, já que o conhecimento sobre ácaros de penas ainda é incipiente na região neotropical. Portanto, aqui investigamos a fauna de ácaros de penas do chupim e de seus hospedeiros potenciais no Brasil. A presente tese se divide em duas partes principais: a primeira parte foca em inventariar ácaros de penas do chupim e busca entender como os ácaros encontrados se relacionam com a especificidade e a transmissão nesse sistema; a segunda parte foca na distribuição geográfica desses ácaros de penas no Brasil, também buscando correlacionar a especificidade. Por múltiplas linhas de evidência (abundância, prevalência, filogenia e cofilogenia) foi possível diferenciar ácaros específicos do chupim de ácaros adquiridos verticalmente de aves por ele parasitadas. Com base nessas diferenças foi possível estimar taxas de transmissão vertical e horizontal nesse sistema. Mesmo sem possuir transmissão vertical de ácaros de penas, o chupim apresentou uma fauna de ácaros específicos diversa, composta por cinco espécies em cinco gêneros. Essa especificidade é mantida por transferências horizontais intraespecíficas, estimadas a serem pelo menos três vezes maiores que do que as taxas de transmissão vertical. Extrapolando para outros sistemas, a transmissão vertical de ácaros de penas, ainda no ninho, é importante para uma primeira aquisição desses simbiontes, porém a transmissão horizontal é provavelmente a principal responsável pela difusão desses ácaros nas populações de seus hospedeiros. Quanto a padrões de distribuição, por análises de modulação geográfica foi possível identificar que a distribuição da fauna de ácaros não específicos no chupim segue padrões de preferências de uso de seus hospedeiros. Foi possível também corroborar a eficiência da transmissão horizontal em manter uniforme a distribuição de seus ácaros específicos. Por fim, são mostrados padrões de distribuição geográfica em ácaros de penas em diferentes populações de hospedeiros de ampla distribuição no Brasil, com potenciais espécies crípticas. Novas espécies de ácaros de penas também foram descritas. As descobertas e novidades aqui trazidas contribuem para um novo entendimento sobre a dispersão e organização de ácaros de penas em seus hospedeiros, comprovando um maior padrão de eficiência de transferências horizontais até então não estimado para o grupo. Os dados também indicam um papel fundamental da especificidade como fator limitante da distribuição geográfica e da colonização de novos hospedeiros por esses simbiontes. |