Encontros com as diferenças e a partilha do comum na Educação Física Escolar a partir da temática indígena - "Somos todos indígenas!"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rozario, Claudemir do [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/256795
Resumo: Encontrei-me com este tema, ao encontrar-me com minha ancestralidade afro-brasileira e indígena e diante da constatação do apagamento histórico dos saberes e culturas destes povos nas diversas áreas de conhecimento, inclusive na Educação Física Escolar. Vivemos em uma sociedade multiétnica composta por uma considerável diversidade de culturas. O reconhecimento e a valorização dessa diversidade é atribuição conspícua da escola. Neste sentido, a disciplina de Educação Física se apresenta como um espaço riquíssimo de estudo e experiências motrizes relacionadas a tais manifestações culturais, dentre elas, a de matriz indígena. A relevância da temática indígena se confirma pelas leis n° 10.639/03 e n° 11.645/08, que alteraram, respectivamente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privado, além da Base Nacional Curricular comum que aborda o tema nos anos iniciais, mais especificamente no Ciclo II do ensino fundamental. Neste sentido, considerando o ambiente escolar como um espaço miscigenado e crivado pela alteridade, situamos o seguinte questionamento: como a Educação Física, enquanto componente curricular, pode se configurar como um espaço potente de afirmação e valorização das culturas indígenas sem isolá-la das outras culturas? Partindo deste campo problemático, este presente estudo de caráter qualitativo criou um campo de discussões e práticas sobre a presença de jogos, brincadeiras, lutas e danças de matriz indígena na Educação Física Escolar. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica que, na tensão com as singularidades do campo estudado, deu respaldo para a construção de uma Unidade Didática envolvendo a temática indígena, constituída por 6 encontros que foram desenvolvidos junto a 30 alunos do 5º do Ensino Fundamental de uma escola municipal do município de Campinas /SP. Para levantamento dos dados foi utilizado o diário de campo e o diário do professor, com o intuito de registrar as intensidades, singularidades e também as narrativas que se constituíram na relação pedagógica estabelecida entre o professor e alunos em sala de aula. Seguindo a proposta da pesquisa-ação, os dados coletados foram analisados qualitativamente, de acordo com a dinâmica interpretativa oferecida pela Análise Temática. Foram encontrados 4 categorias de análise que, em seu conjunto buscou atender a delimitação problemática definida pela pesquisa. Diante da destituição de humanidade dos povos originários ocasionada pelo processo de colonização, vislumbra-se a possibilidade da restituição e reparação, através de uma prática educacional que ouse avançar de uma dimensão moral para uma dimensão ética e atitudinal nas aulas de Educação Física. Neste sentido, através dos encontros com as diferenças nas aulas da Educação Física, a partir da temática indígena, foi possibilitada a oportunidade da partilha daquilo que todos temos em comum, nossa humanidade (Mbembe, 2019). Deste movimento investigativo, desenvolvemos um recurso educacional, constituído por uma Unidade Didática oriunda da análise e avaliação do exercício educativo realizado ao longo desta presente pesquisa.