Os lugares de mulheres negras em materiais didáticos de história da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Françoso, Fernanda Gomes [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150541
Resumo: A presente pesquisa de caráter documental e bibliográfico, analisa de forma qualitativa as representações raciais e de gênero associadas às imagens das mulheres negras no contexto histórico da escravidão no Brasil apresentadas em materiais e livros didáticos do componente curricular de História. Tais imagens foram analisadas em articulação com os textos explicativos e atividades dos materiais, onde buscamos as convergências e divergências entre as propostas de abordagem da história das mulheres negras, presentes em estudos sobre o tema, especialmente naqueles relacionados ao ensino de História. Os materiais didáticos de História utilizados nas escolas estaduais paulistas são distribuídos pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que disponibiliza aos/as docentes e estudantes os “Cadernos do Professor e do Aluno”, desde o ano de 2008. Os livros didáticos de História são oferecidos às escolas públicas, a cada três anos, através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). O último ciclo trienal de escolha foi em 2014, com vigência até 2016. As duas coleções para História mais distribuídas no Brasil para o Ensino Fundamental II neste ciclo foram: História Sociedade e Cidadania. 2 ed. São Paulo: FTD, 2012, de Alfredo Boulus Júnior; e Projeto Araribá. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2010, de Maria Raquel Apolinário. Esses materiais são responsáveis por veicular determinadas representações sobre grupos subalternizados e podem contribuir tanto para criar representações positivas como negativas sobre esses grupos; no último caso, seja mediante a omissão e a invisibilidade, seja por intermédio do trabalho com perspectivas distorcidas e enviesadas. Desse modo, nos pautamos nas orientações metodológicas da Análise de Conteúdo para a investigação dos materiais e adotamos como referencial teórico os Estudos Culturais no que se refere às teorias feministas e os estudos sobre raça para entretecer interpretações dos referidos materiais. Constatamos que nos “Cadernos do Professor e do Aluno”, nas raras vezes em que as mulheres negras são focalizadas, as imagens a representam em papéis subalternos e o tratamento didático caracteriza-se pela omissão das histórias sobre suas lutas e resistências; não localizamos no material analisado nenhum texto explicativo ou atividade para o desenvolvimento de problematizações relacionados a temática. Nos livros didáticos distribuídos pelo PNLD, algumas imagens estão em consonância com algumas propostas de abordagem da história das mulheres negras, ao tematizar a história sobre os/as afrodescendentes e sobre as mulheres. Alguns textos explicativos e atividades permitem compreender que nem todas as mulheres negras foram passivas e submissas ao processo de escravidão, participando em diversas ações de resistência, porém a discussão proposta é superficial e não apresenta um aprofundamento do tema. Entretanto, algumas propostas ainda permanecem com representações estereotipadas e reduzidas sobre este grupo social, ressaltando sua posição de vítimas e com aspectos relacionados à sexualidade. Alguns textos e imagens estão presentes na atividade apenas para a apresentação e ilustração do tema, sem um aproveitamento consistente desse material.