Exposição ao benzo(a)pireno em ratos machos do período juvenil até a peripuberdade: repercussões na vida adulta em parâmetros reprodutivos e impactos na prole

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Jorge, Bárbara Campos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181711
Resumo: Entre as substâncias com potencial de desregulação endócrina, destaca-se o Benzo(a)pireno (BaP), um poluente orgânico persistente e amplamente difundido no ambiente. É gerado pela combustão incompleta de compostos orgânicos e está presente na fumaça de cigarro, na exaustão de automóveis, em alimentos e água contaminados. Estudos demonstram que o BaP se acumula em órgãos vitais e reprodutores, incluindo o testículo, e pode interferir no processo de esteroidogênese, através da interação com a proteína StAR. Sabe-se que substâncias que atuam como desreguladores endócrinos (DEs) podem gerar prejuízos não somente no indivíduo exposto, mas também nas gerações subsequentes, via células germinativas. A exposição aos DEs torna-se mais relevante em períodos hormônio-dependentes, como a gestação, a infância e a peripuberdade, denominados de janelas críticas do desenvolvimento. Assim, torna-se fundamental a investigação da exposição ao BaP durante uma janela crítica do desenvolvimento (juvenil e peripuberdade) e avaliar quais são as repercussões disto na vida reprodutiva, bem como os possíveis impactos no desenvolvimento e reprodução da prole, via paterna. Para tal, 40 ratos machos Wistar no período juvenil (23 dias de idade) foram distribuídos em quatro grupos experimentais, sendo um controle (óleo de milho + DMSO); e três grupos que receberam diferentes doses de BaP: 0,1, 1,0 ou 10 μg/kg/dia. A exposição ao poluente ocorreu durante 31 dias consecutivos, do dia pós-natal (DPN) 23 ao 53, via oral (gavage). Durante o tratamento, foram avaliados sinais clínicos de toxicidade e a instalação da puberdade, e na vida adulta (DPN 90) foram realizados o comportamento sexual, teste de fertilidade e acasalamento natural com fêmeas não tratadas (gerando a prole de interesse). Posteriormente, os órgãos vitais, reprodutores e sangue foram coletados para as seguintes análises: parâmetros espermáticos (morfologia, motilidade e contagem), hematológicos, histológicos do testículo (dinâmica espermatogênica, contagem e volume das células de Leydig) e quantificação da proteína StAR. Na prole feminina, foram avaliados: parâmetros inicias do desenvolvimento sexual, instalação da puberdade, ciclo estral, teste de fertilidade e histologia do ovário. Na prole masculina, foram avaliados: parâmetros iniciais do desenvolvimento sexual, descida testicular, separação prepucial e parâmetros espermáticos na vida adulta. A exposição ao BaP causou prejuízos nos animais expostos (geração parental-F0), comprometendo parâmetros espermáticos, hematológicos e histológicos do testículo, principalmente no grupo de menor dose. Além disso, o BaP demonstrou ter um efeito multigeracional. A prole feminina e masculina (F1) apresentaram alterações nos parâmetros do desenvolvimento sexual e na fertilidade na vida adulta (fêmeas), indicando que a exposição ao BaP acarretou em uma programação do desenvolvimento de origem paterna para alterações reprodutivas, em ambos os sexos. O padrão de resposta observada nesse estudo foi uma curva dose-resposta não-monotônica, característica de substâncias que se comportam como DEs. Assim, o benzo(a)pireno, neste modelo experimental, é capaz de causar impactos negativos na reprodução na vida adulta dos animais expostos durante o período juvenil até a peripuberdade, bem como de causar efeitos multigeracionais, comprometendo o desenvolvimento reprodutivo de seus descendentes. Aprovado pelo comitê de ética 958/2017 (CEUA/IBB).