Resumo: |
Introdução: Úlceras crônicas de membros inferiores são muito prevalentes. O tratamento local é feito através do uso de curativos específicos e outros produtos tópicos. A utilização destes podem causar dermatite de contato alérgica, aumentando a morbidade relacionada à doença e retardo da cicatrização. Objetivos: Identificar a frequência e principais substâncias alergênicas relacionadas à dermatite de contato nos pacientes portadores de úlceras crônicas nos membros inferiores. Métodos: Estudo observacional, com desenho transversal, realizado em 64 pacientes com diagnóstico de úlcera crônica de membros inferiores ativa ou cicatrizada independente da etiologia. Em todos os participantes foi realizado o teste de contato com a bateria padrão e com os curativos e produtos frequentemente utilizados para tratamento destas úlceras. Foram avaliadas variáveis clínicas e as relacionadas ao teste de contato. Resultados: Eczema peri-úlcera estava presente em 50 pacientes (78,1%). O teste de contato padrão foi positivo em 28 participantes (43,8%), sendo o paraben mix, sulfato de níquel e lanolina as substâncias do teste padrão que mais positivaram. O teste de contato com os curativos e produtos foi positivo em 17 participantes (25,6%) e os principais alérgenos foram, em ordem decrescente: colagenase com cloranfenicol (16%), sulfadiazina de prata (13%) e bota de Unna (6%). Eczema peri-úlcera relacionou-se positivamente com o uso de colagenase e hidratantes. Conclusão: A positividade ao teste de contato em pacientes com úlceras crônicas dos membros inferiores ainda é elevada e o eczema peri-úlcera, importante comorbidade que retarda a cicatrização, tem risco aumentado em pacientes que utilizam colagenase e hidratantes, substâncias utilizadas por grande parte dos pacientes. A realização do teste de contato nos pacientes com úlceras crônicas dos membros inferiores foi importante para identificar quais são os alérgenos mais comuns, podendo-se ampliar essa conduta nos pacientes que tenham úlceras com dificuldade de cicatrização e eczema peri-úlcera, de forma a individualizar os tratamentos e evitar complicações que atrasem a cicatrização. |
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