Ela desatinou, desatou nós: os lugares que se cruzam na trajetória das docentes no enino superior privado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Jane Rosa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204335
Resumo: Esta pesquisa objetiva contribuir na compreensão do lugar que as mulheres ocupam e tencionam no ensino superior brasileiro, especialmente, no setor privado da educação que tem crescido desde o final da década de 1990. Atualmente, elas são maioria das estudantes nas Instituições de Ensino Superior (IES) (pública e privada), mas será que isso sempre foi assim? Ou significa que as desigualdades de gênero foram superadas? Da outra parte, quando observamos o corpo docente das IES, verificamos que os homens predominam. Quando consideramos o sistema educacional brasileiro, percebemos que as mulheres ocupam majoritariamente à docência nas etapas de ensino que se associam aos valores “maternais”, enquanto sua presença diminui exatamente na etapa em que o ensino ganha status de “ciência” – justamente onde estão os cargos de maior prestígio e os salários mais altos. No ensino superior, elas estão em determinadas áreas do conhecimento que se associam aos estereótipos machistas sobre o gênero feminino. Partimos então do método marxista de análise da realidade para interpretar o que está por detrás deste arranjo, já que nos interessa ir as raízes e encontrar os “nós” que atam e desatam a vida das mulheres. A partir do acúmulo da Geografia Crítica e Feminista, acreditamos que as dimensões histórica e espacial contribuam para desvendarmos as origens da exploração-dominação de gênero. Nesta direção, o desenvolvimento do capitalismo se entrelaça com as estruturas patriarcais e racistas que operam de forma articulada, feito nó – como Heleith Saffioti (1987;2013) interpreta – na formação socioespacial brasileira. Com isso, nosso intuito é investigar como a divisão sexual do trabalho opera desde as relações de trabalho das docentes nas IES, até a responsabilidade que recai sobre elas quando o assunto é o trabalho doméstico de cuidados e isso interfere diretamente na organização política delas. Para tanto, a metodologia empregada nesta pesquisa combinou, numa perspectiva de limite e complementariedade, os dados quantitativos e a produção da informação qualitativa. Além da consulta aos principais banco de dados estatísticas sobre a Educação Superior, realizamos oito entrevistas, sendo que 5 foram com mulheres que lecionaram nas IES localizadas no município de Presidente Prudente/SP e as demais com sindicalistas que representam a categoria docente na região. Os resultados encontrados revelam como a divisão sexual do trabalho interfere diretamente nas relações de gênero produzidas dentro e fora dos espaços acadêmicos. Se o espaço produtivo (universidade) e o reprodutivo (casa) aparecem como lugares fragmentados no arranjo espacial, na prática estes lugares estão profundamente interligados pelo capitalismo-patriarcal-racista que produz e é produto de relações cotidianas no trabalho das docentes. Entre o lar, a luta e a labuta, o fato é que o acúmulo da dupla jornada de trabalho prejudica a disponibilidade de tempo e energia das mulheres na participação de espaços políticos. Neste emaranhado, verificamos que o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Presidente Prudente (SINTEE-PP) acaba por reproduzir a lógica patriarcal na divisão do trabalho no interior da entidade, mas também na atuação política que não procura superar as contradições que permeiam a exploração-dominação do trabalho feminino. Assim, acreditamos que ainda é um desafio para o movimento sindical incorporar a estratégia feminista na luta por melhores condições de trabalho no ensino superior privado.