Narrativas de diretores ingressantes no estado de São Paulo: seus desafios e possibilidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Muraro, Juliane de Sousa Silva [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/260453
Resumo: O presente estudo, vinculado à linha de pesquisa “Políticas Públicas, Organização Escolar e Formação de Professores”, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Presidente Prudente, objetiva investigar como se dá a transição das carreiras do “ser professor” para o “ser diretor” nas escolas públicas do estado de São Paulo, com ênfase na análise do diretor escolar ingressante e seus modos de atuação no cotidiano da gestão escolar (Abdian, 2006, 2016, 2020; Parente, 2016; Paro, 2012, 2015; Souza, 2007, 2009, 2023). Para tanto, no estudo desta tese, trabalhamos com a história oral (Queiróz, 1988; Thompson, 1998; Alberti, 2005) e com a abordagem metodológica da pesquisa narrativa (Benjamin, 1993; Clandinin, Connelly, 2011; Cunha, 1997). Além disso, considerando que os instrumentos de coleta de dados são as narrativas (auto)biográficas, por meio das entrevistas narrativas, realizamos análise de dados a partir da proposta compreensiva-interpretativa (Souza, 2004, 2006, 2011, 2014). A partir das narrativas de quatro diretores escolares participantes da pesquisa, objetivamos conhecer um pouco da história de vida profissional e pessoal desses sujeitos, desde o início de sua trajetória de escolarização, perpassando o período da docência e, atualmente, como diretores, dos desafios sobre a realidade da escola no estado de São Paulo, das dificuldades relacionadas ao ingresso na nova carreira no processo de construção de suas identidades profissionais (Huberman, 2000; Dubar, 2005; Gomes, 2021) e das possibilidades de trabalho para uma gestão democrática na escola (Souza, 2009; Freire, 2018, 2019; Saviani 2013, 2020). Com base na análise das narrativas, destacamos os seguintes dados: a) quanto ao perfil, a predominância dos gestores é feminina, licenciados em pedagogia, com mais de 11 anos de carreira e sem experiência anterior; b) quanto à direção escolar, as trajetórias de vida dos entrevistados são fundamentais para entendermos o seu posicionamento como diretores, pois tais marcas ficam evidentes na experiência dos pesquisados, entrelaçando-se e sendo parte da identidade em construção do diretor, c) quanto à transição para carreira de diretor escolar, tem se apresentado complexa e desafiadora, especialmente para os ingressantes que não tinham experiência na direção escolar anterior ao ingresso como diretor efetivo; os sujeitos pesquisados têm sentido o impacto gerado pelas novas tendências gerenciais nas políticas públicas voltadas à Educação e que todo o ideário gerencialista e performático tem trazido a lógica racionalista para a gestão escolar. Ademais, as concepções de alguns sujeitos podem estar mais alinhadas à imagem do diretor como principal responsável por tudo na escola, com atuação centralizadora e focada na burocracia e nos trâmites administrativos, com marcas profundas dos modelos da administração geral. Salienta-se que há diretores nos quais as políticas gerencialistas provocam sentimentos de estranhamento e que têm atuado no sentido de resistir ao que lhes é imposto, caminhando na direção de ampliação das possibilidades para uma gestão democrática, com tomada de decisões compartilhadas e buscam se fazer presentes nos assuntos formativos e pedagógicos, visto que se veem como educadores e compreendem a administração como um meio para atingir os fins educativos na escola. Diante disso, fica claro que a análise do ingresso do diretor na nova carreira necessita levar em consideração a questão do tempo, do espaço, da trajetória de vida, da formação e da interação social. É preciso atentar-se para a questão do tempo e do espaço institucionais na profissionalidade do sujeito diretor ingressante, uma vez que são diversas variáveis que influenciam no modo como esses profissionais constroem e se constituem na nova carreira. Outra questão evidente neste estudo, é a importância de se refletir sobre a prática de atuação dos diretores de escola, pensando no seu papel e nas formas de atuação, tendo em vista os modelos de gestão com os quais este diretor se identifica para atuar no seu cotidiano, a partir da política e do contexto educacional atual do estado de São Paulo e do Brasil.