Comportamento de pastejo de ovelhas pantaneiras durante seca extrema no Pantanal mediante tecnologias de precisão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Gianni Aguiar da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
GPS
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/239748
Resumo: A conservação de animais domésticos naturalizados e o conhecimento dos seus hábitos alimentares é ponto estratégico para a ovinocultura brasileira, uma vez animais localmente adaptados possuem características singulares. Visando conhecer o comportamento de forrageamento das ovelhas Pantaneiras durante as condições de seca extrema no Pantanal, este estudo objetivou avaliar o padrão de uso espacial pelos animais para pastejo usando GPS (Global Position System) de baixo custo, determinando os principais sítios de pastejo e a distância diária percorrida para estimativa dos requerimentos energéticos para manutenção e pastejo em Mcal/dia de ELm e, a disponibilidade de biomassa de forrageiras herbáceas usando imagens de satélite. O estudo foi efetuado na fazenda Nhumirim, sub-região da Nhecolândia, Pantanal, MS. Em uma população com cerca de 100 ovelhas foram selecionadas 31 para observação direta e dentre essas, seis (SH1, SH2, SH3, SH4, SH5 e SH6) para implantação de colares GPS. Os dados de GPS obtidos dos animais a cada 10 minutos, de agosto de 2020 a maio de 2021, foram analisados por meio da linguagem de programação Python versão 3.7.15, retirando-se um raio de 100 metros do dormitório. Os meses foram agrupados nas seguintes épocas: pico da seca (agosto a outubro de 2020); início das chuvas (novembro a dezembro de 2020); pico das chuvas (janeiro a fevereiro de 2021) e início da seca (março a maio de 2021). Observações direta do comportamento de pastejo, ruminação e ócio foram efetuados por amostragem scan por um único observador nos meses de agosto e outubro de 2020 e nos meses janeiro, março e julho de 2021, durante três dias consecutivos. Nessas observações foram registradas as principais espécies consumidas. As 31 ovelhas foram pesadas no início do experimento, final das chuvas e pico da seca. As pastagens utilizadas pelas ovelhas foram avaliadas em agosto de 2021 por meio de 85 pontos amostrais distribuídos na área com o registro da coordenada e das principais espécies presentes, dos quais 29 pontos foram amostrados para estimativa da biomassa e análise bromatológica (proteína bruta, sódio, potássio, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, manganês, zinco e cobre). A partir de imagens Planet com cinco metros de resolução obteve-se o mapa de NDVI para estimativa da fitomassa para os pontos não coletados. Os sítios de pastejo foram identificados pelas duas espécies de plantas herbáceas dominantes e avaliados pela frequência em que cada ovelha ficou mais próxima em um desses pontos por mês. Um total de 47 plantas foi identificado nos sítios de pastejo, sendo 15 da família Poaceae. A massa seca estimada foi muito baixa variando de 4 (traços) a 3830 kg/ha. Observou-se que em média as ovelhas caminharam mais durante o pico da seca (agosto a outubro), consequentemente com maior gasto energético. Houve variação individual no uso dos sítios de pastejo, especialmente em relação ao tempo de movimentação. A média de peso das ovelhas no final das chuvas foi superior à média de peso inicial, porém não diferiu com o do pico da seca, mostrando que ganharam peso durante a época das chuvas e perderam na seca, mantendo a média de peso inicial. Observou-se que os animais utilizaram principalmente, os sítios de pastejo próximo da sede, consumindo folhas, frutos e sementes de espécies frutíferas, entre outras cultivadas. Este estudo mostrou que as ovelhas pantaneiras são herbívoros intermediários pois consomem forrageiras herbáceas e complementam a dieta com folhas, frutos e/ou sementes de palmeiras, semi-arbustos e arbustos nativos, assim como provenientes de árvores cultivadas próximas da sede. A dieta diversificada permitiu que os animais conseguissem obter seus requerimentos nutricionais mantendo a condição corporal durante o período de seca extrema.