Herpetofauna de fragmentos florestais do município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Torello-Viera, Natália Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194361
Resumo: A Floresta Atlântica é considerada um hotspot mundial, devido à sua riqueza de espécies, elevado número de endemismos e elevado grau de ameaça. Estima-se que restam de 11,4 a 16% de cobertura do bioma, devido, principalmente, à agricultura e expansão urbana, tendo sido reduzida a arquipélagos de fragmentos florestais. Tais áreas tornam-se mais homogêneas, alterando as dinâmicas ecológicas e impactando a biodiversidade local. O município de São Paulo, localizado na região sudeste do Brasil, está inserido no bioma da Mata Atlântica, sofreu intensa fragmentação e é um bom exemplo de ambiente em que ocorrem mudanças ecológicas. Anfíbios e répteis são considerados grupos de grande importância como indicadores de mudanças ambientais, devido à sua reduzida mobilidade, alta especificidade de hábitats e grandes exigências fisiológicas, sendo bons modelos de estudos em fragmentos florestais. Neste estudo, três fragmentos florestais da região metropolitana de São Paulo, de diferentes tamanhos e graus de isolamento, foram amostrados quanto á diversidade de herpetofauna. Além disso, a variação morfológica e o uso do habitat entre duas populações de Enyalius perditus (Squamata: Leiosauridae) foram analisados, também sob a perspectiva de tamanho e conectividade do fragmento florestal. A hipótese principal é de que o tamanho e conectividade destes fragmentos impacta a diversidade da herpetofauna, bem como a maneira como uma espécie de lagarto abundante utiliza o ambiente disponível. O Parque Estadual Serra da Canteira (PEC), o maior fragmento amostrado, abriga considerável 39 espécies de anfíbios e 28 de répteis. No fragmento intermediário, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), foram 26 e 23 espécies registradas de anfíbios e répteis, respectivamente. Por fim, no menor fragmento, Parque da Previdência (PP), 4 espécies de anfíbios e 9 espécies de répteis foram registradas. A extensa área de Mata Atlântica que cobre o PEFI, e principalmente o PEC, mantém a diversidade de guildas ecológicas dos grupos. Contudo, a riqueza e diversidade de guildas do PP são fortemente reduzidas. Em relação à ecologia de E. perditus, a morfologia e o uso do ambiente variaram entre sexos e populações. As variações ocorreram principalmente entre machos alopátricos, sendo que os do PEC apresentaram pernas e antebraços mais longos e exploraram mais o ambiente arbóreo quando comparados à população do PEFI. Tais aspectos parecem refletir as pressões de seleção natural e sexual que as populações estão submetidas. Ademais, estrutura da vegetação do PEC parece exercer influência na morfologia do grupo mais arborícola. De maneira geral, o tamanho e a conectividade dos fragmentos influenciaram na herpetofauna das áreas amostradas, tanto no nível de comunidades quanto de populações. A fragmentação teve impacto principalmente nos anfíbios, porém lagartos parecem ser mais resilientes nas áreas amostradas, e algumas espécies podem se adaptar às diferentes pressões. Novos levantamentos de riqueza e diversidade de herpetofauna nesses e em outros fragmentos de Mata Atlântica podem contribuir grandemente para o esclarecimento do papel dessas áreas na manutenção da biodiversidade.