A formação psicológica de valores morais no contexto da sociabilidade competitiva e individualista na educação: apontamentos para a atividade pedagógica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mesquita, Afonso Mancuso de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153907
Resumo: Vivemos em escala mundial um momento de crise social que tem como um dos aspectos uma crise de valores morais. O fortalecimento de posicionamentos conservadores e violentos atualiza e justifica um estudo sobre valores. A sociedade do capital nos impõe uma sociabilidade cada vez mais individualista e competitiva, que determina relações sociais desagregadoras e violentas. Essa sociabilidade limita as possibilidades de vínculo, levando os indivíduos tendencialmente a valorar o que vem de outras pessoas como estranho a seus interesses. A escola reproduz essas relações pela sua forma individualista de conceber o processo pedagógico. Nossa hipótese é de que a formação dos valores morais é determinada pelos tipos de sociabilidade vivenciados na ontogênese. É necessário então repensar a sociabilidade escolar para compreendermos que valores morais se formam e quais poderiam se formar em seu interior. Assim, a pesquisa objetivou demonstrar, por meio de estudo teórico, como se dá a formação psicológica dos valores morais, para que compreendamos suas especificidades e nexos genéticos com as formas concretas de vida social. Defendemos que os valores morais são produtos da atividade valorativa e se definem por qualidades atribuíveis a pessoas, fatos e objetos, que medeiam a alternativa da escolha. A base da valoração é emocional, mas seu desenvolvimento depende da intelectualização, isto é, os valores e a valoração se desenvolvem na ontogênese em dependência interna ao desenvolvimento do pensamento, de forma que culminem em qualidades de caráter afetivo-cognitivo por excelência. Ao mesmo tempo em que são juízos intelectuais sobre a realidade, são formas de vínculo e implicação pessoal com o valorado. Os valores envolvem mais que compreensão, demandam vinculação e posicionamento. Seu principal papel psíquico é mediar a escolha individual, e portanto a ação, e lhes servir de parâmetro, o que denuncia o caráter simultaneamente emotivo e intelectivo das escolhas e ações humanas. A investigação da natureza afetivo-cognitiva dos valores morais nos levou a uma breve incursão pela teoria psicológica das emoções na perspectiva vigotskiana. Pudemos comprovar a relação entre o desenvolvimento emocional e valorativo, tanto do ponto de vista emancipatório quanto da dominação, como atestam experiências de educação emocional como forma de controle social. O apontamento pedagógico que extraímos desse trabalho é que a educação escolar deve pensar como um só problema: a forma de sociabilidade escolar, a relação com o conhecimento e as formas de educação emocional e valorativa. O predomínio de uma sociabilidade individualista e competitiva determina a valoração do outro como ameaça. O desafio da escola é criar uma coletividade viva, cuja ausência levará toda tentativa de educação moral emancipatória ao fracasso, à incoerência e à hipocrisia.