Diálogos entre comportamentalismo skinneriano e princípios anarquistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Felipe Bulzico da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/216049
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo estabelecer aproximações e distanciamentos entre princípios anarquistas e as discussões societárias de Skinner. O anarquismo é uma ideologia política surgida nos anos de 1860 e que se caracteriza por determinadas críticas, proposições, estratégia e valores. Analogamente, partiu-se do entendimento nesta pesquisa de que as discussões societárias skinnerianas também podem ser entendidas em aspectos propositivos, críticos, estratégicos e valorativos. Portanto, estabeleceu-se comparações proposições-proposições, críticas-críticas, estratégia-estratégia e valores-valores entre as discussões societárias skinnerianas e os princípios anarquistas. A partir das análises comparativas feitas, avaliou-se que, no que diz respeito aos aspectos propositivos, Skinner se aproxima em termos econômicos dos anarquistas ao defender – tal como se pode depreender da comunidade Walden II – a socialização dos meios de produção e da riqueza social; e culturalmente na forma como aborda questões concernentes à religião, família, ao sistema educacional e ao amor em uma nova sociedade. Contudo, politicamente, as propostas anarquistas e skinneriana se distanciam, uma vez que a Junta de Planejadores/Administradores existente na comunidade fictícia Walden II e a atitude de B. F. Skinner quanto ao papel da ciência na construção de uma nova sociedade representam entraves à autogestão defendida por anarquistas. No que diz respeito aos aspectos críticos, avaliou-se que tanto Skinner quanto anarquistas se aproximam no sentido de se oporem ao governo, ao capital e à agência religiosa. Entretanto, os argumentos críticos skinnerianos se inspiram, sobretudo, em uma ciência do comportamento, enquanto anarquistas se valem de diversos outros referenciais teórico-metodológicos. No que tange aos aspectos estratégicos, entendeu-se que o principal ponto – dentre vários – de distanciamento entre Skinner e anarquistas diz respeito ao fato de que, enquanto o primeiro faz um apelo às comunidades experimentais como via de transformação social, os últimos defendem uma estratégia revolucionária. Finalmente, embora Skinner e anarquistas professem os mesmos valores, ainda que possam ter divergências quanto aos seus significados, o valor mais caro a B. F. Skinner parece ser a sobrevivência da cultura/humanidade, enquanto aos anarquistas parece ter maior peso a liberdade. Concluiu-se que, embora muitas aproximações sejam possíveis, as divergências entre Skinner e os princípios anarquistas são suficientemente grandes para que o primeiro possa ser considerado anarquista. Mas, a despeito dessa conclusão, configura-se pertinente observar que o anarquismo pode vir a orientar política e frutiferamente a análise do comportamento em geral. Trata-se, com efeito, de um caminho a ser explorado a partir desta pesquisa.