Pensar e fazer geografia: uma contribuição para o controle de erosões em propriedades rurais no município de Regente Feijó/SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Santana, Alessandro Donaire de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151579
Resumo: Ao longo da história, as dinâmicas das sociedades provocaram a degradação acelerada dos recursos naturais, sendo as erosões um dos mais graves impactos materializados no espaço geográfico. No Brasil, as características de exploração geoeconômica, associadas às características pedoclimáticas, provocam o avanço das erosões. O Oeste Paulista apresenta alta suscetibilidade à ocorrência desses processos, em virtude da agropecuária praticada sobre solos com característica textural predominantemente arenosa. Por isso, a necessidade da adoção de estratégias que possibilitem a recuperação ou minimização das erosões. Neste sentido, esta pesquisa tem por objetivo principal analisar as transformações do espaço geográfico a partir do estudo das erosões presentes no noroeste do município de Regente Feijó/SP, viabilizando a implantação de técnica de controle de erosões em uma propriedade rural, possibilitando a articulação entre teoria e prática na minimização de seus impactos negativos no espaço rural. Para tanto, o trabalho foi realizado em parceria com um casal de agricultores familiares, cujos saberes contribuíram para a compreensão daquela realidade geográfica. Assim, a técnica, adaptada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), consistiu na implementação de paliçadas feitas com materiais como bambus, madeiras e sacarias preenchidas com terra, posicionadas em sulcos e ravinas formados em um terraço rompido em área de pastagem. As paliçadas foram monitoradas por dezenove meses por meio da técnica das estacas graduadas (GUERRA, 2002). Também foram coletadas amostras dos sedimentos retidos a montante das paliçadas para realizar granulometria e fracionamento (EMBRAPA, 1997). Apesar do trânsito bovino na área, os resultados das estacas graduadas mostraram que as paliçadas retiveram considerável parcela de sedimentos durante as precipitações, além de permitir o desenvolvimento da gramínea Brachiaria decumbens, que funciona como uma barreira natural. A análise granulométrica dos sedimentos apontou mais de 80% de areia na sua composição, constituídas de areias finas e muito finas (entre 65% e 82% - fracionamento). Essas análises revelam a fragilidade dos solos da propriedade, dedicada à criação de gado de engorda, mas que tem um histórico de uso da terra marcado pela adoção de práticas agropecuárias inadequadas, o que provocou o avanço das erosões e, consequentemente, a adoção de estratégias de controle por parte dos agricultores: recomposição da mata ciliar dos córregos que perpassam a propriedade, bem como a recuperação de voçorocas e ravinas, deixando se recompor a vegetação. O avanço da pesquisa permitiu, ainda, desenvolver uma parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATi), que implementou um projeto para recuperar uma voçoroca na propriedade; esta foi aterrada e guarnecida a montante com bacias de contenção e terraços. Os agricultores cercaram a área para impedir o trânsito do gado e semearam a terra com sementes de gramíneas. Apesar da alteração da paisagem, os resultados preliminares mostraram que a intervenção foi adequada. Portanto, a Geografia pode contribuir para criar estratégias para enfrentar os mais diversos problemas ambientais. Porém, deve estar aberta ao “diálogo de saberes”, valorizando o saber popular que, em conjunção com o saber acadêmico, pode desenvolver ações que minimizem os impactos negativos causados pela humanidade na produção do espaço geográfico.