Tabagismo em pessoas que vivem com HIV/aids

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Devóglio, Ligia Lopes [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181168
Resumo: Justificativa: Apesar de todos os esforços no combate ao tabagismo, em diversos países a prevalência de tabagistas na população com HIV/aids é elevada, aumentando a taxa de mortalidade nestes indivíduos, pois estes estão mais suscetíveis aos perigos do tabaco do que as pessoas não infectadas. O consumo do cigarro pode estar associado a diversos fatores como: baixo nível socioeconômico e de escolaridade, uso de drogas ilícitas e álcool, sintomas de depressão e falta de acesso aos serviços de saúde. O tabagismo é fator de risco que pode ser modificado e evitado. No Brasil há escassez de estudos de prevalência nas pessoas que vivem com HIV/aids, mas a hipótese é que este número também seja elevado. Objetivos: Analisar a prevalência do tabagismo em pessoas infectadas pelo HIV/aids; avaliar o grau de dependência da nicotina; avaliar o estágio de motivação relacionado à cessação de fumantes; analisar fatores associados ao tabagismo; compreender as representações sociais do tabaco em pessoas que vivem com HIV/aids tabagistas. Metodologia: O estudo foi realizado em duas etapas. A etapa I tratou-se de estudo exploratório e transversal e a II de estudo qualitativo. Foi desenvolvido no Serviço de Ambulatórios Especializados de Infectologia “Domingos Alves Meira”, que atende uma região de 30 municípios, com pacientes infectados pelo HIV/aids. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de formulários a uma amostra calculada de 200 pacientes e participaram da etapa II do estudo 38 pacientes tabagistas, cuja amostra foi obtida por saturação dos dados. Para análise dos dados quantitativos utilizamos o banco de dados do sistema Excel e realizamos análises descritivas tanto para variáveis qualitativas como para quantitativas em ambos os grupos. A análise de regressão logística multivariada foi realizada para avaliar os fatores associados ao “status” de fumante e ex-fumante. Variáveis com resultados estatisticamente significantes na análise univariada foram incluídas no modelo final de regressão logística multivariada. Em todos os testes foi fixado o nível de significância de 5% ou o p-valor correspondente. Para a etapa II utilizou-se o Discurso do Sujeito Coletivo para sistematização dos dados e a Teoria das Representações Sociais de Moscovici como referencial teórico capaz de dar significados às entrevistas. Resultados: Etapa I: 51,0% eram mulheres; a idade média foi de 43,4 anos (±11,8); a prevalência de tabagismo foi de 32,0%; com relação à dependência 51,6% apresentaram níveis elevados ou muito elevados e o estágio motivacional para cessação do tabagismo foi maior na preparação (53,1%), ou seja, tinham desejo de cessar o tabagismo no próximo mês. Na análise multivariada, apenas menor nível de escolaridade (p=0,048) e presença de doença pulmonar (p=0,042) foram associados ao tabagismo. Porém, uso de álcool e drogas ilícitas, uso da medicação para o HIV, T CD4, carga viral, estresse, ansiedade e depressão não se associaram. Etapa II: As entrevistas dos indivíduos tabagistas selecionados deram origem a três representações sociais, evidenciando que estes reconhecem o cigarro como: I) fonte de prazer e prejuízos, II) parte da rotina, associado a diversos hábitos e III) revelando a relação do tabaco com o HIV/aids. Conclusões: A prevalência e a dependência do tabagismo mostraram-se elevadas, três vezes maior do que a prevalência geral no adulto no Brasil. O uso de tabaco foi associado a menor escolaridade e doença pulmonar. Observou-se que há um interesse da população em cessar o consumo de cigarro e os motivos para fumar relacionaram-se às condições emocionais, comportamentais e com a infecção pelo HIV. A partir disso, espera-se que estas informações possam favorecer às políticas de estratégias de prevenção e controle do tabagismo e problemas de saúde relacionados nesse grupo populacional.