Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Braga, Keith Daiani da Silva [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/182069
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Resumo: |
No campo da Educação, o tema da sexualidade e, mais especificamente, da “diversidade sexual” vem sendo crescentemente explorado em trabalhos acadêmicos brasileiros. Todavia, grande parte dessas investigações toma a “experiência gay” como central, analisando as outras com conceitos e perspectivas insuficientes para questionar a misoginia, lesbofobia, machismo e sexismo tão preocupantes e disseminados nos espaços educativos. Diante disso, nossa pesquisa de doutorado em Educação teve o objetivo de compreender, a partir de narrativas de sujeitos que se autorrepresentam enquanto “mulheres lésbicas”, como se articulam dissidência sexual feminina, performatizações de gênero e trajetórias educacionais. Interessou-nos, especificamente, compreender como mulheres lésbicas, vivenciaram suas amizades, afetividades, identidades e sexualidades em suas trajetórias escolares e educativas; Quais foram os contextos de invisibilidade e os de hipervisibilidade propiciados pelas instituições por ondem passaram; De que maneira seus relatos de violência e de discriminação nos permitem problematizar a lesbofobia, presente na educação familiar, escolar e religiosa, como técnica de “ensino” e conformação de meninas na (hetero) norma e por fim, quais estratégias e resistências construíram para se autorrepresentarem como lésbicas e, no caso das participantes que se autoidentificam masculinas, também para performatizarem o gênero em consonância com as masculinidades femininas, no espaço da família, da escola e da universidade. Nesse sentido, realizamos uma pesquisa vinculada aos estudos de gênero e sexualidade, de caráter qualitativo, com uso de entrevistas abertas de caráter biográfico-narrativo com sete mulheres e com um aporte teórico-metodológico formado, predominantemente, pelos Estudos Feministas, Pósfeministas e Queer. A partir do estudo e análise das narrativas de vida das sete mulheres lésbicas participantes da investigação chegamos aos seguintes resultados: a) Identificamos que no espaço da escola e da igreja as participantes, suspendendo algumas as particularidades, tiveram dificuldades de se integrarem nos grupos femininos, durante a adolescência elas estavam de fora de segredos e rituais em grupos de meninas por não serem heterossexuais. Também não encontraram espaço para a vivência da sexualidade, enquanto jovens, no espaço da família. A universidade, apareceu como a instituição de maior liberdade e vivência da identidade e sexualidade; b) Analisamos que as relações com silêncio, visibilidade e hipervisibilidade estavam condicionadas as performatizações de gênero das participantes. Na escola, igreja e família, os corpos das participantes eram analisados e as mais masculinas relataram experiências de hipervisibilidade; c) As performatizações de gênero das participantes da pesquisa foram observadas, vigiadas, negociadas, refutada e educadas na família. A lesbofobia atuou como recurso educativo e se materializou através da violência física, verbal e psicológica; d) No espaço da escola, a violência lesbofóbica atuou impactando nas sociabilidades, enfraquecendo o senso de pertencimento das entrevistadas à comunidade escolar; e) As vivências religiosas as educaram para uma única forma de pensar a sexualidade, a heterossexual. Nesse sentido, quando passaram a se autorrepresentar como lésbicas deixaram as igrejas, por pressão dessas instituições ou resistência ao discurso condenatório; por último, f) Todas as entrevistadas construíram formas próprias de enfrentar a lesbofobia. A mais recorrente e em diferentes momentos da vida foi a amizade, por meio de vínculos com outros sujeitos dissidentes, colegas mais velhas ou um familiar. Nessas relações puderam superar o isolamento, as exclusões, angústias e se fortalecer. |