Masculinidades e Psicologias nos trabalhos com grupos de homens autores de violências contra mulheres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Tokuda, André Masao Peres [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204475
Resumo: O trabalho tem como objetivo discutir a construção, manutenção e organização dos grupos com homens autores de violências contra as mulheres e a inserção das Psicologias nestas ações. Essas iniciativas têm como propósito o combate às violências e suas reincidências, além da responsabilização e mudança de crenças, pensamentos e comportamentos desses homens, problematizando as relações de poder que ainda dão subsídios para a dominação masculina e submissão feminina. Tais questionamentos são importantes quando se pensa as violências contra as mulheres como resultado dos processos sociais e culturais que naturalizam o masculino como superior e as violências como expressões das masculinidades, autorizando os homens a cometerem tais atos para manutenção das relações desiguais de poder. Para realizar essa discussão utilizamos o método narrativo, que nos deu a possibilidade de entrar em contato com algumas vivências dos/das entrevistados/entrevistadas a partir de respostas aos nossos questionamentos. Realizamos entrevistas, por videoconferência, com sete pessoas que atuaram/atuam como facilitadores/facilitadoras em grupos com homens autores de violências contra as mulheres. Vale ressaltar que esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNESP/Câmpus de Assis. A análise das narrativas deu-se por meio da Análise Temática e construímos as discussões dos relatos iniciando com os atravessamentos na vida dos/das participantes que os/as fizeram estudar e participar dos grupos com homens, perpassando a construção, organização e estruturação dessas iniciativas, desde questões financeiras, recursos humanos, a discussões teóricas e metodológicas. Por fim, apontamos sobre o uso dos conhecimentos psicológicos nestes projetos, como a Psicologia pode se inserir e ocupar tal espaço em conjunto com outras disciplinas. Consideramos que os grupos com homens autores de violências contra as mulheres, alinhados as discussões de gêneros, feministas e de masculinidades, assim como, ao enfoque reflexivo, com facilitadores/facilitadoras sendo capacitados/capacitadas, realizando discussões sobre as relações de poder e os regimes de verdade que atravessam as relações de gêneros, são tecnologias importantes para o combate às violências contra as mulheres e transformação da sociedade, pois buscam produzir não só o fim das agressões, mas a mudança de crenças e pensamentos desses homens, desconstruindo a ideia de uma única masculinidade e da superioridade masculina. Defendemos, então, a construção de uma política pública específica, com diretrizes para a construção, estruturação e manutenção desses grupos, além de recursos financeiros e humanos, dando a possibilidade de termos ainda mais ações com qualidade e podendo alcançar seus objetivos de modo efetivo. No entanto, apostamos que os grupos com homens autores de violências não devem ser substitutos de ações já construídas para o combate às violências contra as mulheres, e sim como parte das estratégias de enfrentamento. Em suma, entendemos que a Psicologia tem espaço nessas iniciativas com o olhar ampliado, a escuta ativa e questionando os regimes de verdade, os processos de normatização da vida e cristalização das identidades, buscando a equidade nas relações de poder que transpassam nossa sociedade, ou seja, psicólogos/psicólogas críticos à realidade.