Distribuição batimétrica e avaliação populacional de Callinectes ornatus Ordway, 1863 no litoral sudeste brasileiro em um período de 10 anos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rodrigues, Larissa Rosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204616
Resumo: Características como temperatura, salinidade, substrato e exposição à luz são importantes fatores que regulam a abundância, distribuição ecológica, processos fisiológicos como locomoção, alimentação e acasalamento dos crustáceos decápodes. Callinectes ornatus Ordway, 1863, conhecido popularmente como siri-azul, é constantemente capturado como fauna acompanhante nos arrastos camaroeiros na região de Ubatuba, o que pode levá-lo a desenvolver estratégias que visam manter sua população. O presente trabalho teve como objetivo realizar análise batimétrica e avalição populacional da espécie, avaliando a variação diuturna na abundância e comparando coletas com 10 anos de diferença de C. ornatus na região de Ubatuba – SP. As coletas foram realizadas mensalmente, de janeiro a dezembro de 2000 e 2010, utilizando um barco camaroeiro equipado com redes de arrasto do tipo “double-rig”, nas profundidades de 2, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 metros. Em 2000 também foram realizadas coletas noturnas nos 2, 5 e 15m de profundidades. Foram coletadas amostras de água e sedimento para analisar temperatura de fundo e de superfície, salinidade, sedimento e matéria orgânica. Foi observado um predomínio dos indivíduos de C. ornatus em menores profundidades, reduzindo essa quantidade ao aumentar as profundidades de coleta. Essa preferência provavelmente está relacionada com a menor competição dessa região, apontando a preferência de C. ornatus por áreas menos povoadas. Nessa região obtivemos dados de menor salinidade e alta concentração de matéria orgânica. Verificou-se que as fêmeas possuem uma ocupação diferente de acordo com os tamanhos de indivíduos. Já os espécimes machos foram mais abundantes nas profundidades mais rasas, possivelmente em busca de fêmeas primíparas, para acasalamento. Em comparativo nictemeral da população de C. ornatus, observou-se maior atividade no período diurno, diferente do congênere C. danae Smith, 1869 com quem pode compartilhar nicho. Tal fato pode ser estratégia para evitar competição com a outra espécie e permitir a coexistência com sucesso de ambas. Além disso, alguns dos camarões capturados pela pesca de arrasto, possuem o hábito noturno, entre eles destaca-se o camarão sete-barbas e camarão branco, o que faz a pesca mais efetiva nesse período. Os machos em fase de intermuda (MSC) estão distribuídos nas mesmas profundidades em que as fêmeas em fase de calcificação do exoesqueleto (MSB), sendo predominantes entre 2 e 5m de profundidade. Essas regiões mais rasas possuem menor quantidade de espécie, fazendo com que os espécimes de C. ornatus não fiquem tão suscetíveis aos predadores, agindo como uma possível estratégia de proteção da população. Comparando as coletas de 10 anos, apesar da redução sutil e pouco significativa no número total, ocorreu uma modificação nos picos de reprodução de C. ornatus, o que pode estar demonstrando uma estratégia para manter a população no local. Em 2000 as fêmeas embrionadas foram mais abundantes no verão, sendo registrado um segundo pico durante o outono. Esse fato, pode ser um indicativo de plasticidade reprodutiva, como tentativa de manter uma reprodução eficiente e conservar a abundância da espécie. Com base neste estudo, foi possível inferir estratégias de uma população de C. ornatus para se manter mesmo com os impactos antrópicos no litoral de São Paulo.