Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Silva, Rodrigo Aparecido Ribeiro da [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/258801
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Resumo: |
Resumo: O objetivo desta tese é analisar a presença de Voltaire (1694-1778) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) na obra de Lima Barreto (1881-1922). Nos gêneros textuais aos quais se dedicou ao longo de sua trajetória literária, Lima Barreto exibiu um estreito contato com as manifestações culturais europeias, com destaque para aquelas que circularam na língua francesa. Por meio de alusões, citações e pseudônimos disseminados em textos publicados sobretudo na imprensa, o escritor brasileiro joga com sua memória, impõe sua biblioteca e põe os textos que retoma em relação com sua própria escrita combativa. Reconhecido como um autêntico satirista, o autor de Bruzundangas faz mais do que citar obras e autores ou aludir a passagens. Ele põe frequentemente o intertexto a serviço da intencionalidade satírica. Ao acionar a memória da escritura em suas produções, o escritor dá às referências, alusões e citações uma função mais pragmática: a de contribuir para a contraposição própria da sátira, que visa, entre outros propósitos, corrigir condutas, desconstruir ideias cristalizadas e desvelar mecanismos de falseamento da realidade. Defende-se neste trabalho a tese de que a presença de Voltaire e Jean-Jacques Rousseau, autores amplamente conhecidos por sua postura contestatória em relação aos valores e crenças de seu tempo, ocorre numa perspectiva satírica. A partir do estudo comparativo de crônicas e de um conto de Lima Barreto, com base nas formulações sobre a intertextualidade a partir de Samoyault (2008), Genette (2006) e Compagnon (1996); sobre a sátira (e suas técnicas), a paródia, a ironia e a caricatura, segundo Almeida (2013), Bosi (1977), Brayner (1979), Fantinati (1978; 2012), Figueiredo (1995, 1997), Frye (2014), Hodgart (1969), Hutcheon (1989) e Sangsue (1994), concluímos que o posicionamento de Lima Barreto em relação a Voltaire é de evidente admiração e homenagem à tradição da sátira, como bem ressaltou Corrêa (2016). O escritor brasileiro não apenas retoma o filósofo e escritor francês por meio de alusões e citações, como também utiliza o pseudônimo Ingênuo em parte de sua produção cronística, incorporando uma persona satírica de forma semelhante ao procedimento utilizado pelo autor de L’ingénu. A relação estabelecida com a obra de Rousseau, no entanto, é distinta e se intensifica apenas a partir de 1918, quando o cenário de crise após a Primeira Guerra Mundial, observado pelo espelho satírico de Lima, parece abalar a crença nos ideais como os expressos no Contrat Social e fazer o escritor se desmotivar diante da banalização do discurso. |