Expressão, esquizofrenia, arte: Hans Prinzhorn e a produção artística dos sujeitos asilados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Tozzi, Márcia de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180882
Resumo: Historicamente, a relação entre psiquiatria e arte se caracteriza de modo quase hegemônico, pela intenção de reduzir o artístico a fins diagnósticos e terapêuticos. Entretanto, há, também, na história, momentos em que essas experiências artísticas escapam ao reducionismo polarizado entre normal e patológico, e, mesmo dentro do confinamento asilar, regulamentado pelo saber psiquiátrico, encontram visibilidade social. Na trilha desse percurso histórico, no qual figuram as possibilidades de reconhecimento estético das obras dos sujeitos asilados, encontramos um autor emblemático, que se constitui como o objeto desta pesquisa: Hans Prinzhorn (1886 – 1933), psiquiatra e historiador de arte alemão que, por meio de suas produções referentes à intersecção entre psiquiatria e arte, lança uma abertura para a construção de um lugar diferente para o sujeito louco no imaginário social. No cenário brasileiro, os escritos de Hans Prinzhorn têm influências no trabalho de figuras importantes como Osório César, Nise da Silveira e Mário Pedrosa. Prinzhorn debruça seu olhar sobre as produções artísticas ocorridas no interior das instituições psiquiátricas, constituindo uma das maiores coleções plásticas da loucura, por volta de 1920. Apontado como o primeiro a admitir a capacidade estética nas obras dos “loucos”, Prinzhorn distancia seus escritos da mera classificação diagnostica, definindo como referências centrais para seu trabalho o processo de configuração e a perspectiva do sujeito doente mental, em especial dos sujeitos esquizofrênicos. Hans Prinzhorn contribuiu, decisivamente, para o diálogo entre criação artística e psiquiatria/psicopatologia. Em um momento em que a psiquiatria se esforça por sistematizar as manifestações esquizofrênicas, Prinzhorn é inovador ao lançar um outro olhar para as produções dos sujeitos asilados, produzindo, ainda, uma transposição dessa problemática para os domínios da reflexão artística. Esse fato modificou, também, a perspectiva sobre a loucura. A visibilidade social que os sujeitos asilados experimentam, por meio do reconhecimento estético de suas produções, os desloca da condição de sujeitos alienados à condição de sujeitos produtores de arte e cultura.