Da histeria no Rio de Janeiro oitocentista: medicina, feminilidade e nevrose nas teses médicas cariocas (1837 – 1890)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mello Júnior, Fernando Marques de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/252494
Resumo: O desembarque da corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, deu início a um intenso processo de transformações na cidade. Como nova sede da monarquia lusitana, a urbe recebeu uma série de investimentos visando à modernização de seu espaço urbano e à europeização dos costumes de seus habitantes. Esse processo de adequação de uma sociedade de hábitos coloniais à nova realidade urbana e civilizada da cidade, desenvolvido ao longo de todo o século XIX, contou com os esforços de diversos agentes, entre eles os médicos. Assim sendo, a medicina social – ramo da ciência médica que reflete e atua sobre a cidade e sua população – passa a esquadrinhar o espaço urbano do Rio de Janeiro e os fluminenses com a intenção de instituir padrões civilizados sobre a urbe e sua gente. E, nesse processo de atuação da medicina no seio da sociedade carioca, os doutores privilegiaram a mulher entre seus objetos de intervenção. Graças aos importantes papéis de mãe e de esposa que desenvolviam no interior do novo modelo familiar posto em jogo a partir de então – a família higiênica –, as mulheres foram minuciosamente esquadrinhadas pelos médicos fluminenses. Dessa forma, o presente estudo objetiva compreender a maneira como a instituição médica construiu um dos maiores temores médicos do período: a mulher histérica. Para tanto, utilizar-se-á da análise das teses produzidas pelos formandos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro entre 1837, ano da publicação de Considerações gerais sobre a alienação mental, de Antonio Luiz da Silva Peixoto, primeiro escrito da instituição a mencionar a enfermidade, e 1890, quando é defendido o estudo Da histeria no homem, de Maurillo Tito Nabuco de Abreu, momento em que se nota a inflexão no conteúdo das teses. Objetiva-se, portanto, mapear o que escreveram os médicos fluminenses a respeito da histeria com o intuito de explicitar os sintomas, as causas e os tratamentos indicados para o histerismo. Ademais, evidenciando a construção da histeria pelo pensamento médico, procura-se revelar parte das estratégias desenvolvidas pela medicina para atuar sobre a população brasileira.