A formação urbana de Três Lagoas (MS): o ideário de uma "cidade portal" e os conflitos da terra

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Rosa, Ananda Soares
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Três Lagoas (MS); Formação urbana; Implantação estratégica; Conflito da terra; Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (CEFNOB); Urban formation; Strategic implantation; Land conflict
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192294

Este trabalho visa estudar o município de Três Lagoas (MS) na tentativa de compreender sua formação urbana versando sobre os principais atores e características desse processo que, somado às peculiaridades espaço-territoriais, proporcionaram uma implantação e ocupação de caráter estratégico. Devido à também estratégica passagem da Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (CEFNOB) pelo território sul-mato-grossense no início do século XX, esta pesquisa tem o intuito de explorar a gênese da cidade de Três Lagoas e seu ordenamento sob o viés do Urbanismo bem como da Arquitetura. Localizada na região do Alto Paraná, Três Lagoas (MS) tem sua origem relacionada ao processo de ocupação da porção leste do sul do Estado de Mato Grosso, bem como à chegada da Estrada de Ferro e de seus engenheiros, os quais viram no então povoado, localizado a meio caminho entre Bauru (SP) e Campo Grande (MS), um sítio perfeito para a criação de uma cidade que se desenvolvesse conjuntamente à ferrovia Noroeste do Brasil. Estabelecida ao longo dessa estrada, Três Lagoas debuta o Estado ao fazer fronteira com São Paulo; seria a “cidade portal” e o “cartão de boas-vindas”, a partir de 1910 (data que a ferrovia chega a solo mato-grossense), ao opulento Oeste do país. Assim, tal município parece ter sido o único sul-mato-grossense para o qual a CEFNOB aprovou um Plano Urbanístico em 1911, mas que acabou não se concretizando em sua plena concepção. Ademais, a pesquisa que aqui se apresenta tem o intuito de abrir a frente de discussão da posse da terra em um momento de mudança de âmbito político, em que Estado e Igreja disputavam seu desfrute numa relação conflituosa. Essa dissertação revela uma realidade dual e ambígua onde coexistiam atrasos em virtude da doação de terras à santo para a constituição de um patrimônio religioso (em um período atípico para isso) e avanços ao se projetar uma “cidade capital” em terras sertanejas ainda praticamente inexploradas pelo homem branco. Ao buscar dados históricos pouco conhecidos até o momento, através da literatura e de documentos primários e secundários, esse trabalho tem a finalidade de preencher lacunas quanto aos diversos vieses do processo de alvorecer do núcleo urbano de Três Lagoas, numa abordagem, principalmente, espacial tendo em vista o olhar do arquiteto perante o sítio, mas também que busca emergir nos conflitos da questão da terra e nas estratégias para sua implantação premeditada.