Interações mutualistas ao longo da ontogenia de uma espécie de leguminosa : bactérias fixadoras de nitrogênio, formigas protetoras e abelhas polinizadoras.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Valadão-Mendes, Lorena Bueno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153330
Resumo: Muitas características fenotípicas das plantas mudam drasticamente ao longo do desenvolvimento vegetal e podem influenciar as interações ecológicas. Dado que existe um custo energético associado a manutenção de diferentes mutualismos, investigamos a relação entre os estádios de desenvolvimento vegetal e o estabelecimento de três mutualismos, assim como a possível interferência do mutualismo raiz-rizóbio sobre os mutualismos nectário extrafloral-formiga e flor-abelha. No campo selecionamos 30 plantas da espécie de leguminosa de Cerrado, Chamaecrista desvauxii var. latistipula, com diferentes tamanhos, de indivíduos juvenis a maiores reprodutivos, para avaliar a ocorrência e intensidade das interações mutualistas raiz-rizóbio, nectário extrafloral-formiga e flor-abelha. Em casa de vegetação montamos um experimento manipulando as bactérias do tipo rizóbio e o tipo de solo em que as plantas foram cultivadas, no qual investigamos a interferência da interação raiz-rizóbio sobre os recursos vegetais disponíveis para outros mutualismos. As plantas amostradas em campo variaram entre 4 a 1300 unidade de tamanho. A interação raiz-rizóbio e nectário extrafloral-formiga ocorreu em plantas ainda muito pequenas, enquanto a interação flor-abelha se estabeleceu em plantas maiores. A intensidade da interação teve padrão exponencial para os nódulos radiculares e visitação das abelhas, e quadrático para as formigas. Esses padrões distintos na intensidade dos mutualismos sugeriram possível interferência entre eles, dado que a quantidade de nódulos radiculares e a interação flor-abelha aumentou e a interação nectário extrafloral-formiga diminuiu. Quanto às plantas do experimento, aquelas com rizóbio cresceram mais do que as plantas sem rizóbio, mas esse resultado variou dependendo do tipo de solo. Em solo rico em matéria orgânica, não encontramos diferenças no crescimento das plantas com e sem rizóbio, diferentemente das plantas cultivadas em areia. O volume do néctar secretado e o conteúdo total de açúcares foi maior em plantas com rizóbio, mas o resultado também foi variável entre tipos de solo. Plantas em areia e sem rizóbio não produziram néctar, e as demais condições experimentais não tiveram diferenças nos descritores do néctar. No entanto, a produção de néctar foi semelhante entre condições em que as plantas eram muito distintas em tamanho, sugerindo que plantas em solo rico em matéria orgânica, independente da presença de rizóbio, são mais eficientes na produção de néctar. Os diferentes estádios ontogenéticos da espécie compreendem diferenças no estabelecimento, manutenção e intensidade das interações mutualistas. Ainda, nossos resultados apontam que exista interferência entre mutualismos, dado que o aumento na intensidade da interação de um mutualismo pode favorecer ou desfavorecer interação de outros mutualismos.