Humor e preconceito linguístico em Não sejA burro!: uma análise dialógica do discurso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Larissa Bueno dos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193062
Resumo: Ao longo desta pesquisa, analisamos três vídeos da série de vlogs Não sejA burro!, de Marcela Tavares. Publicada nas redes sociais YouTube e Facebook da humorista, a série atinge grande repercussão desde a publicação do primeiro vídeo, em 2016, tendo sido transformada em show de Stand up no segundo semestre de 2019. É, também, a série de maior sucesso dos canais da comediante, que o atribui a como aborda questões de língua portuguesa, com humor. Seus enunciados nesses vlogs, como atestado por Santos (2017), são perpassados pelo imaginário comum de purismo linguístico, propagando e reforçando, de maneira viral, os valores desse discurso. Tendo em vista a influência que a mídia exerce socialmente, propomos nesta pesquisa, a partir de estudos em Análise Dialógica do Discurso, e aproveitando trabalhos desenvolvidos na Sociolinguística e sobre Humor, averiguar o modo como se manifesta o discurso purista sobre a linguagem no corpus composto pelos três vídeos com mais reações positivas na rede social Facebook, a fim de abordarmos aspectos pontuais em que o corpus dialoga com a memória do purismo linguístico no Brasil, assim como a memória do ambiente escolar e do ensino de língua portuguesa. Os vídeos são analisados qualitativamente, em proposta de cotejamento de textos, considerando-se aspectos teórico-metodológicos da Análise Dialógica do Discurso, destacando-se estudos sobre o enunciado em diferentes materialidades, ideologia, diálogo, cronotopo e humor/carnavalização. Buscamos, nesta pesquisa, dar continuidade ao trabalho já realizado com o primeiro vídeo da série, em uma monografia de conclusão de curso, cujo objetivo era investigar o preconceito linguístico revelado por Marcela Tavares no corpus. Na presente pesquisa, ao analisarmos o modo como se manifesta o discurso purista sobre a linguagem, verificando as relações que se estabelecem entre humor e preconceito, assim como os efeitos discursivos possíveis gerados por essa interação no corpus, pudemos observar que no humor presente nos vlogs de Tavares prevalece a ambivalência, isto é, os vlogs de Não sejA burro! podem ser compreendidos tanto como vídeos cujo fim é apenas o entretenimento por meio do riso como, também, vídeos semelhantes a videoaulas, que têm o humor como aliado do ensino. A ambivalência, fundada no contraste e no surpreendente, mantém-se, ainda, na recepção positiva ou negativa dos vídeos pelo público, avaliação que depende das memórias discursivas a que os destinatários dos vlogs têm acesso. Construído sob o preconceito linguístico, o todo de sentido, guiado pelo posicionamento axiológico do autor-criador, escancara esse preconceito e a intolerância em relação a ele, visto que a professora-personagem defende a normatividade linguística, presente no discurso do senso comum, resistente a mudanças, o qual prevalece soberano na sociedade brasileira. Assim, a partir do cronotopo da sala de aula, recuperando as relações de ensino, autoritárias, o discurso do senso comum, contrário às diferenças e à heterogeneidade, é mantido, disfarçado por recursos humorísticos, cativando o público e podendo passar despercebido.