O duplo em Cosmétique de l’ennemi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Thomann, Larissa Cristina [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/142855
Resumo: Na obra Cosmétique de l’ennemi (2001), da escritora belga Amélie Nothomb (1967), tanto as personagens, quanto o tempo e o espaço são construídos de forma a garantir características duplas à narrativa. O duplo é analisado como fator predominante na construção da narrativa, sendo parte do espaço que se divide em dois: sala de espera de um aeroporto e imaginação de Jérôme; bem como parte do tempo – cronológico e psicológico; e, ainda, como característica das personagens. No que se refere ao tempo, a obra é composta de duas narrativas. Uma que é marcada pelo tempo cronológico e coincide com o início da obra, apresentando um narrador em terceira pessoa e onisciente. Já na outra, o tempo psicológico compõe a narrativa em que Textor começa a contar sobre sua vida. Otto Rank deu ao duplo esta denominação baseando-se em análises literárias e antropológicas, mas é em Freud, principalmente, que baseamos nossa análise psicológica. Freud, em O estranho (Das Unheimlich), de 1919, analisa o duplo como sendo o sentimento de estranheza causado pela perda, súbita, de noção do que é realidade e do que é imaginação, o que provoca o temor e o tremor. Logo, o estranho é uma experiência secretamente familiar e que foi um dia reprimido e, depois, liberado. Em Cosmétique de l’ennemi há indícios do mesmo ponto de vista do psicanalista, pois, ao ser deparado com o seu duplo, Jérôme não acredita ter assassinado sua esposa. Textor, no entanto, o confronta dizendo ser a mesma pessoa, além de ele próprio ser o inimigo interior e, portanto, a parte destrutiva de Jérôme. Textor diz, ainda, ser a parte de Jérôme que não se esquece de nada, aludindo à memória e ao inconsciente, parte do ser humano que não se esquece de nada e da qual nada é perdido, apenas recalcado, citando Freud. Tanto o começo da obra quanto o final são parecidos em sua forma: no início, temos um parágrafo separado dos demais, causando uma dúvida no leitor sobre quem são as personagens; já no final, para dar uma explicação racional à dúvida do leitor, também há um parágrafo separado dos demais, numa página não numerada ao final da obra. Ainda assim, depois da explicação, há certa ambiguidade em que o leitor não consegue discernir o que é realidade ou imaginação de Jérôme.