Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Bortoloto, Claudimara Cassoli [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/181314
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Resumo: |
Essa pesquisa analisa o processo de imigração e trabalho dos Haitianos no Oeste do Paraná. Os primeiros imigrantes chegaram em 2012 trazidos do Acre por empresários locais para suprir a carência de trabalho manual inicialmente na construção civil. A falta de mão de obra delineou as primeiras migrações de haitianos para a região, fortalecida posteriormente com as redes de apoio. Por meio de pesquisa qualitativa, com utilização da pesquisa de campo, foram realizadas 60 entrevistas a fim de testar a hipótese se os empreendimentos frigoríficos privados têm contribuído para atrair a imigração haitiana no Oeste do Paraná. O município de Cascavel-PR foi selecionado como amostra por ser a cidade com o maior número de haitianos do Estado. Como resultados dessa pesquisa, destacam-se: a desconstrução do mito da crise migratória e sua importância enquanto ideologia para ocultar a existência de uma crise humanitária, com políticas estatais reduzidas ao fechamento das fronteiras e transgressão dos direitos humanos. Os imigrantes haitianos no Oeste do Paraná são força de trabalho substituta e disponíveis nos frigoríficos com organização produtiva baseada no fordismo/taylorismo que demandam mão de obra abundante, trabalho simplificado e intensa exploração da força de trabalho. Também constatou-se a vinculação dos frigoríficos à globalização, os quais sob o pseudo conceito de cooperativas, ocultam a presença de trustes na região ao passo que os representam e definem o preço da força de trabalho nos frigoríficos. Como consequência desse mesmo processo, ocorre dessa forma a captura do Estado pelas grandes corporações por meio de investimentos públicos consubstanciados de diversas ordens, enquanto o Estado se mantém praticamente ausente na formulação de políticas de migração. Esse estudo demonstrou também a importância do fluxo migratório haitiano para a construção de políticas migratórias, com destaque para o visto humanitário e a Nova Lei de Migração vigente desde Novembro de 2017. Essa Lei incorpora os direitos humanos e visa superar a pecha até então presente no Estatuto do Estrangeiro que concebia o imigrante como ameaça nacional. Além disso, destaca os desafios de ser imigrante na periferia, pautado nos baixos salários, na redução dos ganhos, elevado custo de vida, e alto índice de desemprego entre haitianos, o que tem precarizado as condições de vida no Brasil. Ademais, a pesquisa identificou a hegemônica incorporação dos haitianos no frigorífico Coopavel e simultaneamente constatou o fechamento do sistema produtivo nos demais setores do Município. A submissão do trabalho em frigoríficos se coloca como única alternativa de inserção produtiva, quando essa também não se fecha. Associado à manutenção de picos migratórios desde 2014, um quantitativo de 58% dos entrevistados chegaram diretamente em Cascavel, o que caracteriza a importância das redes de apoio como familiares e étnicas para impulsionar esse fenômeno na região. |