Infecção experimental de tambaqui (Colossoma macropomum) por Aeromonas hydrophila: avaliação de antimicrobianos e da resposta imune do hospedeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gallani, Sílvia Umeda [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181475
Resumo: As enfermidades têm se destacado como um dos principais entraves para o desenvolvimento da aquicultura, e apesar do tambaqui Colossoma macropomum ser a espécie nativa mais produzida na América do Sul, pouco conhecemos sobre as enfermidades que o afetam e como o seu mecanismo imune reage frente às infecções. A septicemia hemorrágica é causada pela bactéria Aeromonas hydrophila, e se destaca como uma das principais enfermidades na aquicultura, principalmente em espécies tropicais. Por isso, confirmamos a patogenicidade de A. hydrophila pelo Postulado de Koch e estabelecemos as doses letais até 80%, estimando a DL50 em 5, 57 x 107 a 1, 41 x 108 UFC/ml. Não recomendamos o verde malaquita como recurso profilático e indicamos ceftriaxona, florfenicol, oxitetracyclina, sulfazotrim e tianfenicol como potenciais antimicrobianos para o controle desta bactéria, mas consideramos os óleos essenciais de cravo Eugenia caryophyllata e canela Cinnamomum zeylanicum como melhores opções para potencial tratamento da bacteriose, com forte atividade inibitória. Descrevemos um perfil leucocitário incomum de severa leucopenia em período agudo de infecção, devido à liberação de armadilhas extracelulares pelos leucócitos (ETosis). ETosis é um mecanismo de suicídio leucocitário, ainda não descrito para a maioria dos peixes, e que pode ser considerado como um dos últimos recursos imunes adotado pelo hospedeiro para tentar conter a infecção. Este mecanismo pode ser visualizado através de uma metodologia de baixo custo e de fácil execução em microscopia eletrônica de varredura, desenvolvida nesta tese. Como os estudos genéticos beneficiam substancialmente o desenvolvimento da criação de uma espécie, a sequência parcial genética de peptídios antimicrobianos (HSP70, lisozima e proteínas do sistema complemento), receptor de citocina e citocinas (IRAK 1, IL-1 e IL-10) foram descritas. Padrões de expressões genéticas foram caracterizadas quanto a modulação de cada gene, em resposta às diferentes fases de infecção por A. hydrophila. A modulação das expressões dos genes imunes mostrou-se aumentada em peixes infectados, tanto na fase inicial da infecção (principalmente em torno de 6h e 24h) quanto na fase crônica (7d e 14d). Apenas o gene associado à regulação térmica, HSP70, mostrou-se negativamente modulado em peixes infectados. Destacamos o aumento na expressão dos genes de citocinas e lisozima, evidenciando atividade pró e antiinflamatórias. Porém, o maior destaque é dado para os genes HSP70 e proteínas do sistema complemento: C3 e C4. A modulação dos genes de HSP70 foi afetada negativamente em peixes infectados, sugerindo que peixes afetados por A. hydrophila ficam mais propícios à sensibilidade térmica e às infecções secundárias. Com relação às proteínas do sistema complemento, apesar da regulação aumentada na expressão do gene C4, seguindo a tendência pró-inflamatória, o gene C3 surpreendentemente não foi expresso na maioria dos peixes saudáveis e infectados. Adicionalmente, na análise de do sistema complemento no soro, a ausência de atividade hemolítica corrobora com os resultados de expressão gênica, sugerindo provável deficiência no sistema complemento desta espécie, nas condições testadas. A ausência de dados na literatura e as possíveis razões para a regulação da expressão gênica e associação com doenças de peixes são abordadas nesta tese.