Desenvolvimento de um processo formativo em licenciatura em ciências da natureza a partir da perspectiva freireana

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Rocha, Pedro Neves da
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Educação; Professores Formação; Ciência Estudo e ensino; Education; Teacher training; Science Study and teaching
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/250099

Esta pesquisa abrange a intersecção entre os temas Educação Libertadora freireana, ensino de ciências da natureza e formação acadêmico-profissional (formação inicial) de professores. Nesse sentido, nossa problemática gira em torno do embate entre correntes pedagógicas críticas e não críticas. Ao nos posicionarmos a favor das correntes crítico-transformadoras, partimos da seguinte questão de pesquisa: quais são os desafios e as potencialidades para a concretização de uma proposta de ensino pautada na dialogicidade e na problematização de acordo com a perspectiva freireana , em uma disciplina de núcleo específico em uma licenciatura em ciências da natureza. Nesse aspecto, o objetivo geral do trabalho consistiu em desvelar os obstáculos e as potencialidades para o desenvolvimento de um processo de formação acadêmico-profissional de professores de ciências da natureza pautado na perspectiva freireana. Em decorrência disso, visamos aprofundar conhecimentos referentes às contribuições da perspectiva freireana para o processo de formação acadêmico-profissional dos licenciandos, voltando-se à apropriação de bases teórico-metodológicas de ensino e aprendizagem alinhadas à perspectiva freireana. Dessa maneira, a tese defendida neste projeto é a de que a concretização de uma proposta pedagógica pautada nos princípios freireanos, em uma disciplina de núcleo específico de um curso de licenciatura em ciências da natureza, pode contribuir com a apropriação de fundamentos teórico-metodológicos pelos licenciandos e docentes formadores envolvidos, no sentido de promover uma formação pautada na dialogicidade, na problematização e no compromisso com a transformação social. Para tanto, foi planejada e implementada uma proposta pedagógica orientada pela Educação Libertadora, em uma disciplina de núcleo específico (biologia vegetal) do curso de Licenciatura em Ciências Exatas, da USP São Carlos. A pesquisa de natureza qualitativa contou com uma atividade didático-pedagógica, inspirada em elementos da Pesquisa Participante, aliada a múltiplos instrumentos de registro e coleta de informações tais como aplicação de questionário, diário de campo e gravação de áudio de um grupo focal, bem como à análise de arquivo voltada ao Projeto Pedagógico do Curso. O referencial teórico-metodológico adotado para esta pesquisa foi a Análise de Discurso de tradição franco-brasileira. Por meio da análise pudemos tecer as seguintes considerações. Estamos inseridos na formação ideológica da educação bancária. Dessa forma, somos acostumados com a prática antidialógica, com o cientificismo, com a avaliação punitivista e reprodutora nossa memória discursiva. Mais que isso, a própria estrutura dos cursos (ementa, carga horária, número de alunos) é organizada alinhada ao modelo bancário. Em contraposição a uma concepção bancária, os licenciandos puderam fomentar diálogos interdisciplinares, contextualização dos conhecimentos científicos, elencaram temas com potencial de problematização, possibilitada pela dialogicidade estabelecida entre os participantes. A historicidade e a inconclusão do processo formativo, bem como a incompletude e opacidade dos discursos, além dos silêncios em torno dele, consistem em pontos de transformação do contexto. As concepções de prática docente também puderam ser ressignificadas. Por fim, ressaltamos que tais transformações não sejam individuais ou em microescala, mas atinjam esferas organizacionais e estruturais. Esta é histórica, é um processo, movimento, portanto, não ocorre de repente. Se o modelo de educação reprodutora atua pela manutenção do sistema, as brechas e ações contra-hegemônicas são capazes de quebrar esse ciclo. Reafirmamos, mais uma vez, que uma práxis pedagógica orientada pela perspectiva crítico-transformadora da Educação Libertadora possui esse potencial.