Ecologia espacial de bandos mistos de aves em um trecho de Floresta Atlântica do sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Brandt, Claudia Sabrine
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215958
Resumo: Tem sido cada vez mais evidente que o conhecimento sobre o comportamento e as interações sociais em algumas espécies são importantes para compreender a dinâmica das populações e comunidades. No caso das aves, a proteção de bandos mistos de florestas tropicais é importante para a conservação de comunidades, por incluir, em diversos casos, espécies que dependem dessas associações para permanecerem em uma determinada área. No entanto, a despeito da composição, pouco se conhece sobre a dinâmica interna de bandos mistos de floresta atlântica. Considerando que existe um consenso de que a espécie Habia rubica seja a espécie nuclear nos bandos em que participa, nesse estudo buscou-se compreender: 1. a área de ocupação de H. rubica enquanto a espécie participa de bandos mistos; 2. o grau de sobreposição entre as áreas de ocupação de H. rubica com a de outras quatro espécies participantes de bandos mistos (Automolus leucophthalmus, Philydor atricapillus, Basileuterus culicivorus e Xiphorhynchus fuscus); 3. quais variáveis ambientais são determinantes no uso do habitat por Habia rubica. Foram selecionadas cinco áreas de estudo localizadas nos municípios de Blumenau, Timbó e Brusque, Santa Catarina, Brasil, onde indivíduos das cinco espécies foram capturados e marcados com anilhas coloridas. Posteriormente, partindo da premissa de que os indivíduos de H. rubica são fiéis a um mesmo bando misto, foi pré-determinado um esforço amostral de ~40 horas de acompanhamento de um mesmo indivíduo/grupo de H. rubica enquanto associado a um bando misto em cada área de estudo. Os indivíduos tiveram a sua localização determinada em intervalos de 10 minutos com o auxílio de um GPS de mão acoplado ao pesquisador que acompanhou os bandos mistos. Utilizando a Análise de Densidade de Kernel Autocorrelacionada - AKDE, foi observado que enquanto participaram de bandos mistos, os indivíduos de H. rubica apresentaram uma área de ocupação de ~11 ha. Os indivíduos de A. leucophthalmus, P. atricapillus e X. fuscus apresentaram uma grande sobreposição com a área de ocupação de H. rubica, o mesmo não ocorrendo com B. culicivorus. A análise Função Integrada de Seleção de Passos - iSSF mostrou que a distância em linha reta até o ponto onde ocorre de escoamento preferencial de água no terreno (distância de drenagem) foi a única variável selecionada da mesma forma para todos os indivíduos de H. rubica, com o deslocamento ocorrendo em áreas onde ocorre o escoamento preferencial da água. Os resultados indicam que para que seja mantida a ocorrência de bandos mistos com H. rubica na porção sul da floresta atlântica é necessário preservar remanescentes não-isolados, em condições relativamente boas de conservação, de tamanho ~11 ha. Essas áreas devem também incluir fundos de vales e/locais onde ocorra o escoamento preferencial da água, variável que parece determinante na movimentação de H.rubica enquanto participa de bandos mistos. A observação de um fluxo de entrada e saída de indivíduos de H. rubica dos bandos mistos estudados, cujo parentesco é desconhecido, demonstra a necessidade de estudos futuros para a melhor compreensão da dinâmica populacional da espécie. Por fim, permanece desconhecido o padrão de movimentação da espécie quando não está associada aos bandos. Considerando que o seu padrão de movimentação pode ser totalmente diferente do que ocorre quando associada a outras espécies, os requerimentos de área para indivíduos de H. rubica podem ser ainda maiores. Sendo assim, são recomendados estudos focando esse aspecto da ecologia espacial da espécie.