Caracterização epidemiológica e de fatores de virulência de Burkholderia cepacia, isoladas de casos de bacteremia em pacientes e da água da unidade de hemodiálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Gousilin Leandra Rocha da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243107
Resumo: A insuficiência renal provoca a diminuição da diurese e o acúmulo de substâncias nitrogenadas no organismo. Para aumentar a sobrevida do paciente, a hemodiálise é utilizada como substituto parcial da função renal. Entretanto, a contaminação da água utilizada nesse tratamento, causando bacteremia nos pacientes, é uma preocupação em todo o mundo. O complexo Burkholderia cepacia (Bcc), grupo de bactérias com mais de 20 espécies, é frequentemente isolado de amostras de água de hemodiálise e compreende bactérias oportunistas, afetando pacientes imunodeprimidos, devido sua ampla variedade de fatores de virulência, além da resistência inata a vários antimicrobianos, contribuindo para a permanência no ambiente hospitalar e para a patogênese no hospedeiro. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar molecular e fenotipicamente isolados do Bcc, coletados da água e dialisato da Unidade de Hemodiálise e do sangue de pacientes com bacteremia de um Hospital Público, em Botucatu, entre 2019 e 2022. Foram utilizados 36 isolados de Bcc, previamente obtidos de hemoculturas de pacientes com bacteremia, em tratamento de hemodiálise e 24 isolados, obtidos a partir de amostras de água e dialisato. Todos os isolados foram testados para a verificação da presença de alguns genes que codificam fatores de virulência como cblA, esmR e ZmpB. Considerando-se a epidemiologia do surto, os isolados Bcc foram caracterizados molecularmente por Multi Locus Sequence Type (MLST) e por gel de eletroforese em campo pulsado (PFGE). A verificação e quantificação de biofilme em microplaca de poliestireno foi realizada submetendo os isolados à diferentes temperaturas de incubação (20°C, temperatura média da água e 35°C, temperatura ótima de crescimento do grupo). O antibiograma das amostras de hemocultura (Microscan Walkaway 96 Plus) foi gentilmente cedido pelo Laboratório Clínico do Hospital. Foi identificada a presença de ZmpB em todos os isolados, enquanto o ZmpA foi observado em 96,5% dos isolados e nenhum deles apresentou os genes cblA e esmR. O antibiograma de 33 isolados de humanos apontou que todos eram resistentes à gentamicina, à colistina, à ampicilina/sulbactam e ao imipenem. 16 (48,5%) isolados apresentaram resistência à amicacina e menores taxas de resistência foram observadas com relação ao meropenem, ceftazidima, cefepime, ciprofloxacina e piperaciclina/tazobactam (6,1%). Segundo os resultados do PFGE, todos os isolados obtidos de humanos e de água pertenciam ao mesmo pulsotipo (1), cuja identificação como a espécie B. cepacia foi confirmada pelo sequenciamento do gene recA como¸ pertencendo ao sequence type ST-767. Pela observação de um único pulsotipo dessa espécie ao longo de três anos, pode-se observar a persistência desse isolado no encanamento, contaminando os pacientes submetidos ao tratamento de hemodiálise, apesar da rotineira desinfecção da água com ácido peracético. Provavelmente, essa persistência ocorre devido à produção de biofilme, que protege as bactérias dos desinfetantes. Tornando esse cenário mais crítico, vários isolados apresentaram não-suscetibilidade a pelo menos três classes de antimicrobianos, dificultando o tratamento dos pacientes.