Atividade biológica do veneno de Rhinella Icterica (Anura: Bufonidae) sobre o sistema nervoso de vertebrados.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Oliveira, Raquel Soares
Outros Autores: Belo, Cháriston André dal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pampa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/443
Resumo: Os venenos animais são fontes de compostos bioativos com aplicabilidade terapêutica. Os anuros produzem através de glândulas paratóides, uma secreção venenosa rica em compostos de diversas classes químicas, as quais apresentam uma série de atividades farmacológicas de nteresse biotecnológico. Os sapos da espécie Rhinella icterica (Spix, 1824), pertencem a um grupo de animais venenosos presentes no bioma Pampa com carência de estudos macológicos e toxicológicos. Para os ensaios biológicos, os sapos foram coletados na região de Derrubadas, no estado do Rio Grande do Sul. O veneno foi extraído manualmente por compressão das glândulas paratóides, tratado por extração metanólica seguida de liofilização e então foi chamado de MERIV. A neurobiologia do veneno foi avaliada sobre a junção neuromuscular de aves, através da preparação biventer cervicis de pintainhos (BCP) e, através da análise das desidrogenases em fatias hipocampais de camundongos. A incubação de MERIV (5, 10, 20, 40 µg/mL) e Digoxina (6,5; 13; 26 e 52 nM) em fatias hipocampais de camundongos, induziram um efeito dose dependente na viabilidade celular. Apenas MERIV (5 µg/mL) e Digoxina (6,5 e 13 nM) provocaram aumento significativo da viabilidade celular de 36 ± 10%, 52 ± 7% e 57 ± 13%, p<0.05, respectivamente, enquanto nas demais concentrações houve decréscimo na viabilidade celular quando comparados com o controle Hepes (n=6). Em preparações euromusculares BCP, MERIV (5, 10 µg/mL) produziu um efeito facilitatório de 60 ± 15% e 46 ± 6%, respectivamente, seguido de bloqueio neuromuscular em 120 min de registro (n=6, p<0.05). De forma semelhante, a incubação dos músculos com Digoxina 52 nM ou Ouabaína 0,2 nM mimetizou a atividade de MERIV com aumento da amplitude de contração por 19 ± 4% e 27 ± 6%, e diminuição da contração muscular de 80 ± 4% e 91 ± 5%, respectivamente (n=5, p<0.05). MERIV também demonstrouatividade digitalic-like com inibição de 39 ± 3% da Na+,K+-ATPase (n=4, p<0.05). Em BPC, quando MERIV foi incubado 20 min antes da d-Tubocurarina 1,45 µM, houve um reforço do bloqueio neuromuscular, o qual foi completo em 80 min. Enquanto que em preparações BCP curarizadas, MERIV aumentou o tempo de bloqueio em 50 min, semelhante a ação de drogas anticolinesterásicas. Juntos, esses dados indicam que o extrato metanólico do veneno de R. icterica é capaz de interferir com a neurotransmissão provavelmente via inibição das enzimas acetilcolinesterase e Na+-K+- TPase.