Por uma pedagogia da variação linguística: o ensino dos pronomes pessoais na perspectiva sociolinguística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Fleck, Leandro Silveira
Orientador(a): Simioni, Taíse
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pampa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Campus Bagé
País: Não Informado pela instituição
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/1455
Resumo: O ensino da gramática pela gramática ainda persiste e, diante disso, a compreensão sobre a variação linguística ocupa papel coadjuvante nas salas de aula. Desse modo, a realidade linguística brasileira encontra resistência para ser debatida na escola. Por isso, a importância de propor o que Faraco (2008) conceitua como a pedagogia da variação linguística. Para tanto, o objetivo principal deste trabalho foi o de ofertar uma unidade didática aos alunos que tivesse como pano de fundo a questão dos pronomes pessoais na posição de sujeito, especificamente, o embate entre os pronomes “tu” e “você” e “nós” e “a gente”. Como forma de compreender a variação linguística e as necessárias mudanças no ensino da língua, buscouse apoio na proposta de Faraco (2015). Da mesma maneira, a análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL/MEC, 1997) serviu como base para a discussão sobre o tema da variação linguística. Uma vez que havia o propósito de incentivar o professor a se tornar um pesquisador, os estudos de Bagno (2007) e Bortoni-Ricardo (2008) embasaram essa proposição. A fim de mapear o paradigma pronominal realizou-se, de Menon (1995) a Coelho (2015), uma revisão da literatura a esse respeito. Por fim, para a compreensão do ato de pesquisar e sobre a pesquisa-ação adotou-se, entre outros autores, Tripp (2005). Para chegar a esse fim, procurou-se, através de um questionário aplicado entre professores e alunos de três escolas da rede estadual do município de Itaqui-RS, traçar um diagnóstico sobre o perfil dos professores e o espaço destinado à variação linguística. Vencida a etapa de revisão da literatura e do diagnóstico das aulas de português, foi planejado e colocado em prática o produto pedagógico dividido em cinco módulos. Esse produto foi construído com base em uma pesquisa-ação que contemplou o planejamento, a aplicação e a reflexão sobre a aplicação de uma unidade didática. Em uma dessas etapas da pesquisa-ação, aplicamos uma pesquisa de campo com o apoio de alunos de um terceiro ano de uma escola de Ensino Médio da rede estadual. Nesta, coletamos, tabulamos e analisamos dados orais e escritos sobre os pronomes pessoais na posição de sujeito, tendo como base a realização de entrevistas com vinte e quatro falantes do município de Itaqui, distribuídos pelas variáveis idade, sexo e grau de escolaridade. O questionário aplicado na fase de diagnóstico mostrou que predomina a cultura do erro e o comportamento passivo dos alunos em relação ao ensino do idioma materno. Além disso, evidenciou-se que a variação linguística ainda é tratada de modo superficial nas escolas. Por sua vez, com a aplicação do produto pedagógico em alunos da última etapa do Ensino Médio, foi possível confirmar que é exequível realizar em sala de aula pesquisas envolvendo a reflexão sobre a língua portuguesa. Por fim, no tocante aos pronomes pessoais, a pesquisa realizada pelos alunos comprovou, dentro dos seus próprios limites, que tanto o “tu” quanto “você e o “nós” e “a gente” são facilmente encontrados na fala dos moradores de Itaqui-RS, entretanto, ao se abrir uma gramática, o paradigma tradicional não condiz com a realidade linguística. Com isso, tanto professor quanto alunos envolvidos neste trabalho constataram que seria muito mais eficiente um trabalho que envolvesse a reflexão do que simplesmente seguir apenas o que prescreve a gramática.