O papel das humanidades na educação para a democracia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Kemp, Adriana Toso
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/6054
Resumo: A centralidade da argumentação desenvolvida ao longo desta tese parte do pressuposto de que os princípios da universalidade, da igualdade, da individualidade, da autonomia do sujeito e da laicidade do estado, conquistados na Modernidade, constituem os melhores traços norteadores da vida em sociedade que a humanidade conseguiu até então inventar. Nesse sentido, os esforços empreendidos na educação das novas gerações precisam ser pautados pelo entendimento de que a saúde e a qualidade da vida democrática são diretamente proporcionais à capacidade de seus cidadãos construírem critérios de validade para o funcionamento dessa forma de sociabilidade. A investigação, desenvolvida numa perspectiva crítico-hermenêutica, traz reflexões sobre os aspectos educacionais formativos mais amplos do ser humano para a vida republicana e democrática e o papel das áreas de conhecimento compreendidas como humanidades nesse processo. A tese defendida é de que o processo formativo escolar não pode prescindir das humanidades. A proposição, a partir da interpretação do corpus teórico estudado, aponta para a necessidade de assegurar lugar de abertura à reflexão e à crítica no processo formativo escolar. Nesse sentido, é imprescindível assegurar espaço-tempo para as humanidades no currículo escolar, mas também encarar o desafio de reconsiderar, reexaminar e reformular a relevância e os fundamentos da própria concepção de humanismo capaz de inspirar as áreas do conhecimento a se reconhecerem como produções humanas situadas no tempo e no espaço, passíveis, portanto, de questionamentos, de revisão e de renovação, e não como verdades absolutas a serem transmitidas e consumidas. A despeito do retrocesso no qual consiste a perda de espaço das disciplinas compreendidas como humanidades no currículo do ensino médio brasileiro a partir da recente reforma desse nível de ensino, aponta-se, também, a possibilidade de que, colateralmente, se produza a necessária mobilização dos educadores para o aprofundamento do debate e do levantamento de razões que justifiquem a importância dessas áreas de conhecimento na formação dos jovens. A presença por si só dessas disciplinas no currículo não assegura sua efetividade na dinâmica formativa dos sujeitos. É indispensável o amplo e profundo debate quanto ao possível papel dessas disciplinas no processo formativo das novas gerações. A retirada das humanidades do currículo escolar desdobra-se num movimento mais abrangente de alijamento da formação humana para um mundo humano. Mas esse alijamento também pode acontecer a partir do modo como se concebem e são trabalhados na prática escolar os conhecimentos das disciplinas humanísticas. Uma saída possível pode ser buscada com o reconhecimento do trabalho docente como tarefa do pensamento, como busca dos fundamentos de cada área de conhecimento, para além do saber- fazer. Aponta-se como alternativa a recuperação da dimensão narrativa da educação, em todas as áreas, como um modo de “desesclerosar” o conhecimento e recuperar o protagonismo dos sujeitos em sua produção. As humanidades, abordadas criticamente, carregam o potencial de proporcionar aos sujeitos do processo educativo os elementos necessários para a produção de subjetividades capazes de pensamento crítico e de empatia, virtudes indispensáveis para a convivência humana democrática, condição de possibilidade de se produzir mundo comum.