A voz que “salva”: a persuasão por meio da prosódia e da argumentação no discurso radiofônico de padre Marcelo Rossi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Cruz, Regiane Aparecida da lattes
Orientador(a): Figueiredo, Maria Flávia lattes
Banca de defesa: Siqueira, João Hilton Sayeg lattes, Momesso, Maria Regina lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de Franca
Programa de Pós-Graduação: Programa de Mestrado em Linguística
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/862
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar como a Prosódia corrobora os elementos argumentativos no discurso do Padre Marcelo Rossi, um representante carismático da igreja católica. Para essa análise selecionamos como corpus um bloco do programa de rádio “Momento de fé” intitulado “A Viagem”. O discurso radiofônico religioso tem como característica ser dramatúrgico e nele a voz é um dispositivo fundamental no processo persuasivo. Sendo assim, partimos da hipótese de que o enunciador, ao proclamar seu discurso em um veículo radiofônico, tem consciência de que o desempenho de sua voz é papel fundamental na enunciação e por isso cria, em sua pregação, uma performance vocal aliada aos argumentos retóricos para atingir seu objetivo principal: a adesão de seu auditório. A partir da perspectiva teórica da Prosódia, que na linguística atual refere-se ao conjunto de fenômenos fônicos que se localizam além da representação segmental linear dos fonemas, selecionamos quatro elementos para análise: a tessitura e a qualidade de voz, que se referem à variação da altura melódica, o volume, que se refere à variação da intensidade sonora e a pausa, que se refere à variação da duração, todos analisados a partir da função pragmática que desempenham. A função pragmática trata das atitudes do falante e pode variar de acordo com sua intenção. Para fundamentação teórica utilizaremos as teorias argumentativas contemporâneas (PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA, 2005) e (REBOUL, 2004), bem como as concepções de (ARISTÓTELES, s/d) e, para ressaltar a importância dos elementos prosódicos na constituição da persuasão, empregaremos (BOLLELA, 2006) e (CAGLIARI, 1992). A coleta de dados foi feita a partir da audição dos textos e de sua transcrição. Para a verificação dos marcadores prosódicos, a análise contou com o apoio dos softwares Praat 4.6.12 e Sound Forge 8.0. Pudemos compreender, por meio de nossa análise, que o discurso do nosso orador edifica-se, sobretudo, em seu ethos, na imagem pré-construída de um “Padre jovial, atual e piedoso”. Observamos também que existe uma preocupação constante em manter essa imagem. Valendo-se da mesma, Padre Marcelo vai traçando na “Viagem” um percurso envolto por paixões. Essas paixões são desencadeadas principalmente pelo uso da figura retórica Hipotipose, que consiste numa descrição tão fervorosa e emotiva de algo ou alguém por parte do orador de modo a evocar, imagisticamente, no auditório a projeção ou representação mental das imagens suscitadas. Percebemos, ainda, que os elementos retórico-argumentativos presentes no discurso de Padre Marcelo Rossi estão entrelaçados e mantêm uma relação de interdependência com os recursos prosódicos. Pudemos confirmar que Padre Marcelo pauta seu discurso na emotividade, na crença já estabelecida do seu auditório particular, e que a prosódia por ele apresentada é fundamental no “fazer -crer” pois ajuda a superar a ausência física do orador durante o processo discursivo. Palavras-chave: Prosódia; Argumentação; Discurso Religioso; Persuasão.