Formas não convencionais de organização: reflexões a partir das comunidades tradicionais de faxinais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Antônio João Hocayen da lattes
Orientador(a): Ferreira, Fabio Vizeu lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Positivo
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Administração
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/2802
Resumo: O pensamento acadêmico dominante elege a organização formal capitalista como a única forma organizacional possível, visão que corresponde a um processo ideológico e hegemônico atrelado a uma lógica utilitarista instituída pela Sociedade de Mercado. Inserido na área de Estudos Organizacionais em Administração e inclinado a uma perspectiva critica acerca de Formas Não Convencionais de Organização, este estudo teve como propósito central compreender a manifestação e as implicações da tensão entre racionalidade substantiva e racionalidade instrumental nas Comunidades Tradicionais de Faxinais do Paraná. Esforço que se apresenta relevante tendo em vista que os pressupostos de desenvolvimento, de crescimento e de progresso conflitam com a percepção e o significado de convívio coletivo e de uso comunitário do território atribuído aos faxinalenses. Para sua consecução o estudo iniciou-se com levantamento e organização de material documental cuja composição final foi de 101 documentos e 10 materiais áudio visuais. Em complemento ao levantamento e organização de registros históricos, foram realizadas 12 entrevistas com faxinalenses e 3 com agentes públicos. Os dados, considerando as seis temáticas finais do estudo, foram analisados pela técnica de análise social do discurso. A análise permitiu perceber que historicamente as Comunidades Tradicionais de Faxinais foram marcadas por atividades de produção para subsistência, sendo a mais significativa e singular a prática de criação comunitária de porcos à solta. Por muito tempo, em grande parte das comunidades faxinalenses, o uso coletivo dos criadouros comunitários representou a principal atividade produtiva. Atividade muitas vezes integrada à produção de erva-mate e de pequenas hortas no entorno das residências. Considerando-se a realidade investigada, foi possível constatar a manifestação da tensão intrínseca aos elementos culturais históricos, marcada pelo discurso do descolamento com o contexto atual; da tensão intrínseca ao acesso e ao uso dos territórios comunitários, reproduzida pelo discurso da propriedade privada e da eficiência produtiva; e da tensão intrínseca à proteção e à manutenção da cultura e do território, atrelada ao discurso da mobilização e resistência. Conclui-se que a lógica comunitária arraigada nas Comunidades Tradicionais de Faxinais se constitui de forma muito próxima ao que Guerreiro Ramos (1989) conceitua como vida humana associada nas bases da racionalidade substantiva, e se contrapõe aos pressupostos econômicos de desenvolvimento, crescimento e progresso que orientam o modo de organização social presente na Sociedade de Mercado. Considerando a relevância do estudo sobre formas não convencionais de organização é pertinente apontar que as reflexões acerca das Comunidades Tradicionais de Faxinais contribuem para a ampliação dos conhecimentos teóricos e empíricos na área de Estudos Organizacionais em Administração, em decorrência dos limites conceituais da atual Teoria das Organizações para a compreensão de diferentes formas de associações humanas.