O mito judaico-cristão da criação: uma leitura retórico-passional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Domingues, Luan Marques
Orientador(a): Figueiredo, Maria Flávia
Banca de defesa: Ferraz, Luana, Silveira, Fernanda Mussalim Guimarães Lemos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de Franca
Programa de Pós-Graduação: Programa de Mestrado em Linguística
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/2492
Resumo: A perspectiva em que a retórica se enquadra é a dos discursos que visam a conquistar a adesão e desencadear uma ação, por parte do auditório. É dessa maneira que adentramos no pensamento de Aristóteles ao conceber a retórica como uma área que se volta para a investigação do que é adequado à persuasão. Dessa forma, ela é uma arte! A arte do bem dizer. Nessa perspectiva, todo fazer persuasivo se dá por meio do tripé retórico: um orador (detentor de um ethos) que enuncia seu discurso (elaborado por meio do logos) com vistas a angariar a adesão de seu auditório (receptáculo do pathos) por meio das paixões despertadas. Desta forma, o auditório é passionalmente instigado e racionalmente impelido a aderir a uma tese proposta pelo orador acerca de determinado tema ou questão. Imersos nesse universo teórico, decidimos estudar o texto mitológico da criação (oriundo da crença judaico-cristã) sob a perspectiva das paixões aristotélicas. O texto escolhido influencia de forma contundente a maneira com que o ser humano lida com questões relacionadas à origem, à estrutura e à organização do cosmos, bem como interpreta a gênese e o propósito da humanidade. O objetivo desta pesquisa é, pois, delinear uma leitura do texto judaico-cristão da criação, contido na bíblia em seu primeiro livro chamado Gênesis, nos capítulos I e II, pelo viés da retórica das paixões proposta por Aristóteles. Pretendemos, com este estudo, verificar as possíveis paixões despertadas no auditório daquele tempo, cerca do ano 400 a.C. Ainda trazemos à baila a reflexão da possibilidade da leitura retórico-passional ser uma ferramenta eficaz para a leitura de textos diversos, principalmente quando seus contextos de produção e de recepção não são facilmente recuperáveis. Acreditamos que esse tipo de leitura pode fornecer ao leitor maior liberdade, uma vez que o livra de se ater a literalidade do texto e o conduz a uma nova incursão, proporcionada pela riqueza das perspectivas polissêmicas de um enunciado. Para responder aos propósitos teórico-metodológicos delineados neste trabalho, realizamos uma pesquisa bibliográfico-descritiva com fundamento nos pilares da arte retórica, com destaque para a instância argumentativa do pathos no que tange especificamente às emoções descritas por Aristóteles (2012) e retomadas por Figueiredo (2018, 2019) quando propõe sua “trajetória das paixões”. Para um maior detalhamento do texto por nós escolhido para análise, também se faz necessária uma reflexão acerca do gênero discursivo que o abarca. Após as inferências plausíveis, procedemos a uma análise qualitativa do corpus a fim de verificar a aplicabilidade de nossas conjecturas. PALAVRAS-CHAVE: Mito criacional; Retórica; Aristóteles; Paixões; Literalidade do texto.