Coexistência e concorrencialidade entre regimes morais de produção da pessoa e da modernidade em Timor-Leste

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Santos Filho, Miguel Antonio dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unb.br/handle/10482/51824
Resumo: Esta tese analisa a coexistência e a concorrencialidade entre regimes de produção da pessoa no contexto de transposição da modernidade no Timor-Leste contemporâneo. A noção de pessoa é mobilizada enquanto categoria antropológica de análise, referindo-se aos processos por meio dos quais uma coletividade convenciona quem/o que é uma pessoa, quais são as suas qualidades ou seus atributos e qual o tratamento que lhe deve ser direcionado, como proposto por Marcel Mauss. Os regimes morais aos quais me refiro são (I)os complexos locais de gestão e regulação da vida em Timor-Leste, comumente referenciados como cultura, tradição ou usos e costumes (kultura ou adat), e (II)o campo de governo da violência doméstica e para o desenvolvimento e a igualdade de gênero. Cada um desses regimes se expressa por meio de recursos específicos para a produção de pessoas por meio de processos próprios de subjetivação. Demonstro que no primeiro regime mencionado, busca-se produzir pessoas relacionais, atentas às normas de decoro e ética hierárquica e da mútua dependência, forjadas por meio da reciprocidade e de valores assimétricos. A respeito deste regime discuto, também, as noções de direitos sobre pessoas e riqueza em pessoas, que informam os esquemas de hierarquização e concatenação de sujeitos. No segundo regime, programas de empoderamento econômico feminino, empregados para mitigar a violência doméstica, buscam produzir pessoas soberanas, livres, desimpedidas e orientadas pelos direitos dos sujeitos, como projetados pela ideologia liberal. Este regime é marcado por esforços que buscam promover uma individualização psicológica nos/dos sujeitos, estimulando-os a nutrirem uma autorreflexividade que possibilite seu auto cultivo e seu empreendedorismo. Embora contraditórios em seus princípios, ambos os regimes coexistem e concorrem no país, disputando a adesão dos sujeitos, evidenciando fricções entre projetos de sociedade e de moralidades, expressivas do avanço da ideologia neoliberal na transposição da modernidade em Timor-Leste.