Verbos modais universais no discurso científico : um estudo sobre argumentatividade e subjetividade em dissertações de Mestrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Zanetti, Caroline Iltchenco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unb.br/handle/10482/51687
Resumo: Esta dissertação trata do papel da modalidade no discurso científico. Assumindo que o discurso científico se vale de diferentes estratégias textuais para a expressão de subjetividade, sendo a modalidade uma dessas estratégias, estudam-se o uso e o comportamento dos verbos modais universais “dever” e “ter de” com uma análise documental que investiga as seções de Metodologia e de Resultados e Discussão de seis dissertações de Mestrado das áreas: Linguística, Antropologia, Ciência da Informação, Agronomia, Engenharia Elétrica e Ciências da Reabilitação. Para isso, adotou-se uma abordagem metodológica qualitativa e um quadro teórico híbrido. Para o estudo do gênero dissertação de Mestrado, combinamos a abordagem sociorretórica dos gêneros (Swales, 1990; Biasi-Rodrigues, 1999, 2005; Motta-Roth e Hendges, 2010) com a abordagem discursiva dos gêneros (Coracini, 1991). E, para o estudo dos verbos modais, combinamos a análise formal (Kratzer, 1991, 2012) com a análise funcional (Olbertz, 2008). Ainda, usamos uma perspectiva textual (Coracini, 1991; Nascimento, 2009, 2010, 2018; Koch, 2011) para analisar como os modais constroem sentidos nos textos. Assim, em um primeiro momento, fizemos uma análise para saber como as dissertações se organizavam quanto ao uso dos verbos modais. Constatamos que, em todas elas, os verbos modais universais eram usados: o verbo “dever” é muito mais produtivo, aparecendo em todas as dissertações, enquanto “ter de” aparece em apenas três usos de uma única dissertação (da área de Linguística). No tocante às seções do texto em que esses verbos aparecem, constatamos que, em quatro das seis dissertações, os verbos modais só ocorrem na seção de Resultados e Discussão. Contudo, na única dissertação em que “ter de” ocorre, os modais universais só aparecem na seção de Metodologia. Em relação às áreas do conhecimento, constatamos que as dissertações das áreas de Linguística e Antropologia foram as que mais apresentaram verbos modais universais (42 de um total de 61 usos). Em um segundo momento, analisamos a semântica dos modais “dever” e “ter de” e apontamos os efeitos de sentido que eles criavam nos textos: enquanto “dever” é utilizado predominantemente nos domínios deôntico e volitivo, criando efeitos de sentido como recomendação, realce, posicionamento e atribuição de responsabilidade; “ter de” é utilizado predominantemente no domínio inerente extrínseco, criando o efeito de sentido de autojustificativa. Desse modo, nossos dados nos levaram a concluir que, enquanto “dever” contribui principalmente para a expressão de subjetividade em Resultados e Discussão, seção em que o discurso é predominantemente envolvente, “ter de” contribui para que o discurso da Metodologia, predominantemente envolvido, caminhe para um discurso envolvente, a partir de uma maior expressão de subjetividade. Tendo isso em vista, são necessários mais estudos para entender como esses verbos constroem sentidos em outros gêneros textuais acadêmicos.