Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Fonseca, Bárbara de Barros |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://repositorio.unb.br/handle/10482/51670
|
Resumo: |
A proposta desta tese é analisar, a partir da obra de Georges Bataille, a relação entre os conceitos de economia geral, economia restrita, e o Antropoceno. Argumentamos que o manejo do excesso e a colonização do dispêndio improdutivo, tal como realizados na modernidade, implicam na catástrofe ecológica presente. Desta forma, lançaremos mão de um arcabouço conceitual para investigarmos a dinâmica energética geral do Antropoceno, passando pelas noções de energia, entropia e biosfera. Bataille parte de uma crítica ao utilitarismo, central para a economia liberal clássica, que se organiza pelo princípio da escassez. Em oposição, a economia geral se pauta por uma lógica do excesso de energia, que origina o movimento energético do globo e não pode ser exaurido pelas atividades humanas, necessitando ser dissipado. O "dispêndio improdutivo", que inclui atividades como festas, sacrifícios e o potlatch, é compreendido como uma função essencial para lidar com este excedente, no seio de uma economia cósmica que ultrapassa o pensamento antropocêntrico. A tese, então, articula esses conceitos com o Antropoceno e o Capitaloceno, discutindo como a modernidade e o capitalismo têm gerido esse excesso de maneira catastrófica, ao tratar e transformar a biosfera em recurso energético, o que leva à crise ecológica atual. O conceito de Capitaloceno posiciona o sistema capitalista como agente responsável pela destruição dos ecossistemas, diferentemente da noção de Antropoceno, que dilui esta responsabilidade em uma humanidade abstrata, genérica e não-situada. A tese analisa como a escravidão e a exploração dos corpos negros foram essenciais para a construção dessa economia colonial que se baseia na expropriação de terras e corpos. É ainda examinado o potencial que modos de habitar o mundo como o aquilombamento e o bem-viver oferecem enquanto alternativas de resistência existencial ao colapso sistêmico, propondo uma leitura do Antropoceno a partir das margens, com uma perspectiva decolonial e afrodiaspórica. A discussão envereda por argumentos que ligam o pensamento energético de Bataille à necessidade de repensar a economia restrita do capitalismo, estabelecendo uma crítica à pretensão de progresso e produção infinita em um planeta finito. E especula sobre a possibilidade de um outro manejo do excesso, que melhor se afine a uma economia geral batailleana, em ressonância com o fluxo implacável do cosmos. |