Filogenia, tempo de divergência, origem e morfologia de Banisteriopsis C.B.Rob. ex Small com ênfase nos etnotaxa de Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) Morton (Malpighiaceae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Thais Aparecida Coelho dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unb.br/handle/10482/51462
Resumo: Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) C.V. Morton é uma das espécies amplamente utilizada na preparação do chá Ayahuasca, uma bebida enteógena proveniente das culturas indígenas amazônicas. São reconhecidas pelas comunidades Ayahuasqueiras que cultivam cipó, o estabelecimento de “Tipos”, aqui denominados “etnotaxa”. Intrigados com essa problemática da vinculação ou não dos etnotaxa à taxa formal B. caapi, surgiram as perguntas que delinearam esta tese: 1. “Os etnotaxa reconhecidos pelas comunidades Ayahuasqueiras urbanas brasileiras são B. caapi ou pertencem a outra espécie já descrita? 2. Os etnotaxa podem ser considerados como taxa, seguindo os parâmetros da ciência formal, ou seja, a circunscrição mais aceita de B. caapi é satisfatória? 3. Banisteriopsis caapi poderia ser uma espécie domesticada e recente? Para reponder a estas questões foram desenvolvidos três capítulos, tentando usar as melhores ferramentas metodológicas. Para os capítulos um e três, de modo geral foram sequenciadas as regiões plastidiais trnL-F, matK, psbA-trnH, trnK, rpL32-trnL, e ndhF, e o espaçador interno transcrito do rDNA nuclear (ITS). No capítulo um, foram realizadas análises filogenéticas. E em todas as análises os etnotaxa formam um clado a espécie B. caapi, não se colocando próximo a outra espécie de Banisteriopsis. Ao passo que B. schwannioides aparece como espécie próxima a B. caapi, bem como B. variabilis e outras espécies que Gates comenta em seu estudo. No capítulo dois, foi realizado um estudo de reconstrução da área ancestral e tempo de divergência, do gênero Banisteriopsis e de B. caapi. Assim, Banisteriopsis teve origem no Mioceno há cerca de 20 milhões de anos e a sua diversificação coincide com a expansão de áreas secas na América do Sul. Mostrando que o Cerrado serviu de fonte de espécies para as florestas tropicais neotropicais como a Amazônia e a Mata Atlântica, num padrão inverso ao que ocorre para a maioria das taxas neotropicais. Para B. caapi, foi demonstrado uma provável origem amazônica reforçando as provas arqueológicas de uma troca milenar de usos e conhecimentos sobre plantas entre os povos amazônicos. No capítulo três, foram analisadas 90 amostras de B. caapi abrangendo os etnotaxa: Arara, Caupuri, Ourinho, Pajezinho, Quebrador e Tucunacá. Para análise de dados das sequências de DNA foram realizadas: análise de Componentes principais (PCA), Modelos Mistos Gaussianos (MMGs), análise Multivariada Permutacional de Variância (PERMANOVA), as análises BarcondingGap, Meier’s Best close match, Neighbour-Joining (NJ) e Rosenberg’s probability of reciprocal monophyly. As análises moleculares mostraram que não existem diferenças significativas entre os etnotaxa, ao passo que, as análises morfológicas mostraram que os grupos possuem correpondência com a etnoclassificação. Assim, os etnotaxa de B. caapi, não pertencem a outra espécie, e as diferenças na morfologia externa e interna sugere que os etnotaxa podem estar passando por um processo de domesticação. Dessa forma, este trabalho mostra que os etnotaxa analisados aqui não pertencem a outra espécie, e incita novas pesquisas para entender melhor a etnoclassificação.