As sociabilidades possíveis em conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV): o caso de Viçosa – MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Souza, Nilo Sérgio de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/6298
Resumo: Esta temática perpassa as discussões relativas à lógica das configurações sociais e das relações que se estabelecem no espaço urbano composto pelos beneficiários do PMCMV. Esta pesquisa descritiva e de natureza mista, utilizou dados primários obtidos mediante a aplicação de 125 entrevistas semiestruturadas, com o objetivo de analisar as experiências de sociabilidade dos moradores dos conjuntos habitacionais inseridos em um contexto de segregação socioespacial e de diferenças identitárias. Os resultados revelaram que essas diferenças, presentes no novo contexto de moradia, impõem limites à sociabilidade que se estabelecem nesses espaços. Além disso, as famílias beneficiárias do PMCMV, alocadas, geralmente, em áreas periféricas da cidade e desprovidas de infraestrutura, têm sua sociabilidade restringida pela precariedade dos serviços e equipamentos urbanos disponíveis nesses espaços. Neste contexto, foram analisados os seguintes itens da infraestrutura urbana: transporte, comércio, segurança, educação, saúde, lazer, comunicação, fornecimento de água, energia elétrica, esgotamento sanitário e coleta de lixo e, excetuando-se os quatro últimos, todos interferiram negativamente na sociabilidade dos moradores. A questão da mobilidade foi analisada por meio de seus principais vetores: transporte coletivo e transporte escolar público, revelando-se ineficiente, não se comportando como facilitadora de uma maior sociabilidade dos moradores. A partir das condições locais, buscou-se também dimensionar a sua influência na percepção de risco dos moradores. Esta percepção é maior nas imediações dos conjuntos e está associada às más condições das suas vias de acesso. Procurou-se também analisar a questão da estigmatização, constatando que, embora baixas, as médias de percepção da estigmatização por morar em conjuntos habitacionais, é bastante significativa em todos os conjuntos habitacionais. Entretanto, a estigmatização não se caracteriza como elemento que vá provocar um certo “enclausuramento” dos moradores. Analisou-se a participação dos entrevistados em atividades de lazer no âmbito público e privado e suas respectivas frequências, uma vez que o lazer é fator de desenvolvimento da sociabilidade. Neste contexto, observou-se que os moradores têm pouca inserção em atividades de lazer no âmbito público, permanecendo maior tempo em casa, com médias elevadas de horas diárias assistindo televisão, em detrimento de outras atividades. Foram analisadas, ainda, a questão da confiança e da prestatividade entre os vizinhos, para cujas variáveis, as médias mostraram-se significativas. Embora tenha sido constatado também que são poucas as interações cotidianas, apontando para um certo distanciamento e uma certa superficialidade nas relações. O comportamento dos entrevistados em relação ao outro, à casa e ao conjunto habitacional também foi analisado por meio da sensação de pertencer ao grupo social estudado. Apesar da satisfação ao ter adquirido o imóvel, há um maior nível de sociabilidade no contexto anterior de moradia. A localização e as dificuldades de acesso aos serviços podem estar influenciando os moradores a se mudarem dos conjuntos habitacionais pesquisados. Em uma análise do tempo de moradia, observou-se que o número de beneficiários iniciais vem se reduzindo. Em todos os aspectos analisados foram detectadas, em maior ou menor grau, restrições à sociabilidade do grupo. Esta sociabilidade é perpassada por situações que denotam distanciamentos e aproximações, permitindo constatar que esta não se desenvolve de forma unívoca; ela vai se modelando pela conduta dos moradores, que são influenciadas, especialmente, pelo contexto da segregação socioespacial em que vivem nos conjuntos habitacionais pesquisados.