Poder de mercado no segmento de automóveis até 1000 cilindradas: uma análise a partir da nova organização industrial empírica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Jacob, Kamila Gabriela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/6247
Resumo: A indústria automobilística é de suma importância para a economia brasileira, representando quase 25% do PIB industrial e 5% do PIB total, com faturamento acima de US$100 bilhões por ano. No setor automobilístico brasileiros, destacam-se os carros com motorização até 1.000 cilindradas, que surgiram no Brasil na década de noventa, também conhecidos como “carros populares”. Entretanto, a participação crescente das vendas de carros populares foi acompanhada por aumentos reais em seus preços, enquanto outras categorias sofreram quedas reais nos mesmos, existindo assim a possibilidade de estar ocorrendo mercados anticompetitivos. Além disso, constatam-se que há uma grande concentração de mercado em poucas empresas (Fiat, Ford, Chevrolet, Renault e Volkswagen) e, com relação aos modelos no mercado de 2005 a 2010, quatro modelos (Gol, Pálio, Uno e Celta) são responsáveis por, na média, quase 70% das vendas de carros populares. Dessa forma, respaldado pela Nova Organização Industrial Empírica (New Empirical Industrial Organization - NEIO), este trabalho visa verificar a existência e caracterizar o tipo de poder de mercado. Para isso, utiliza-se a abordagem de Cotterill, Franklin e Ma (1996) para analisar a existência do poder de mercado e classificá-lo a partir de sua origem em poder cooperativo (ou de conluio) e poder unilateral. No intuito de calcular as elasticidades-preço direta e cruzada dos carros populares (necessárias ao modelo CFM) estima-se a função de demanda deste bem. A forma funcional utilizada nas funções de demanda estimadas foi o Quadratic Almost Ideal Demand System (QUAIDS). O modelo QUAIDS possui a flexibilidade de curvas de Engel não lineares e, ao mesmo tempo, é derivado de uma estrutura de preferências. As elasticidades-preço diretas não compensadas calculadas ficaram dentro do esperado, indicando respostas elásticas para os carros populares, ou seja, o consumo deste segmento reage mais que proporcionalmente à alteração no preço. Quando analisadas as elasticidades cruzadas, notou-se que o segmento pode ser separado em dois mercados, onde o Gol e o Pálio competem entre si, sendo considerados como bens substitutos. Assim como, paralelamente, o Celta e o Uno também são classificados como bens substitutos um do outro. Com relação ao poder de mercado, dividido entre unilateral e cooperativo, pode-se afirmar que o Gol obteve maior poder de mercado unilateral, seguido pelo Pálio, Uno e Celta. De modo geral, o poder de mercado unilateral do Gol, Pálio, Uno e Celta ocorre, principalmente, devido à introdução de inovação no produto, barreiras à entrada e classificação das condições de segurança do veículo. Além disso, a partir do quociente de Chamberlin, o poder de mercado de cooperação ou conluio constatou-se que existem concorrência ou rivalidade entre o Gol e o Pálio e, ocorre cooperação por parte dos modelos Celta e Uno. E, por fim, encontra-se o Gol como sendo o modelo de carro popular que possui o mais alto grau de poder de mercado total ou observado. Em seguida, o Pálio apresenta o segundo maior poder de mercado, e por fim, o Uno e o Celta detêm os menores índices (C), ou seja, menores poderes de mercado observável, consecutivamente. Embora os valores encontrados para o poder de mercado no segmento de carros populares não sejam tão expressivos (próximos de 1), confirma-se a existência do poder de mercado e destaca-se a importância de estudos posteriores para identificar a perda de bem-estar da sociedade.