Sociabilidade urbana e uso dos espaços públicos: a violência real e a imaginada como estruturadora do cotidiano na percepção dos jovens habitantes de Viçosa-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gomes, André Luis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28952
Resumo: A violência urbana no Brasil tem atingidos níveis cada vez mais elevados, variando em função de fatores socioeconômicos e sociodemográficos, o que a caracteriza como um problema socioespacial. Nesse sentido, este estudo buscou compreender como a violência urbana e a sua representação manifestada na forma de roubos, homicídios e agressões físicas influenciam no uso dos espaços públicos e nas sociabilidades dos jovens. Para tanto, tomou-se como referência o segmento de jovens estudantes residentes no município de Viçosa, MG, cujo segmento se justifica em função de serem as maiores vítimas de violência urbana no Brasil. Para tanto, elaborou-se três objetivos específicos, que deram origem a quatro artigos/capítulos, forma escolhida para estruturar a tese. O segundo capítulo apresentou a justificativa para a realização da pesquisa e foi a referência para a construção teórica que fundamentou a discussão dos capítulos seguintes. Nele, verificou-se como a violência urbana era abordada nos estudos nacionais e internacionais, entre os anos de 2014 e 2018. No terceiro capítulo, procurou-se caracterizar e compreender os tipos de violência na cidade de Viçosa, relacionando esses dados com as condições de desigualdade socioeconômica e espacial das vítimas. No quarto capítulo, fez-se uma análise da representação que os jovens tinham sobre a violência urbana nas Regiões Urbanas de Planejamento da cidade e os elementos que contribuíam para as suas representações. Por fim, no quinto capítulo, analisou-se a influência da violência urbana no uso dos espaços públicos e nas sociabilidades dos jovens. Para alcançar os objetivos, cada artigo apresentou procedimentos metodológicos específicos. Os resultados evidenciaram que as abordagens sobre violência urbana nos estudos retratavam aspectos específicos sobre o tema, resultando na formação de lacunas, como, por exemplo, nos estudos sobre a representações da violência urbana, cujo preenchimento deveria ser feito abordando a representação de diferentes indivíduos, associando essas representações aos espaços de ocorrência dos casos de violência. As análises sobre a influência da violência e de sua representação no uso dos espaços públicos e nas sociabilidades dos jovens evidenciaram que a desigualdade socioeconômica a qual estão expostos os jovens é o elemento propiciador da vitimização deles. Tal fenômeno se explica na medida em que os tipos de violência não atingem todos da mesma forma, variando conforme a Região Urbana de Planejamento, idade, sexo, cor e condições socioeconômicas. As análises da representação dos jovens sobre as regiões consideradas seguras e inseguras revelaram que nem sempre as regiões representadas como seguras, realmente são, e que nem sempre a representação é construída em função dos dados reais sobre a violência, mas a partir das informações fornecidas pelos meios de comunicação, dos comentários das pessoas e da visão que se tem da polícia. Por fim, observou-se mudanças de conduta devido a situações de violência em jovens de regiões de renda baixa e elevada. Esse contexto levou a concluir que ter sido vítima de violência ou ter um membro da família como vítima eram fatores importantes na não determinação da mudança de conduta pelos jovens. De forma geral, concluiu-se que a violência em Viçosa é um problema socioespacial, apresentando relevantes diferenças em termos de tipo e quantitativos de casos de uma região para outra, sendo os jovens as maiores vítimas. Estes, a partir dos casos de violência vivenciados, da fala cotidiana dos indivíduos e dos meios de comunicação, elaboram representações negativas sobre determinados espaços da cidade e modificam a conduta cotidiana nesses espaços. Com isso, perde-se a possibilidade de convivência com o diferente, de vencer as barreiras sociais e de transformar os espaços públicos em locais mais seguros. Palavras-chave: Espaço Público. Jovem. Sociabilidade. Violência Urbana.