Biologia reprodutiva em Ruellia subsessilis (Nees) Lindau (Acanthaceae) em indivíduos de população natural e cultivados sob estresse hídrico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Miranda, Amanda Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7045
Resumo: No município de Viçosa, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, ocorrem três espécies de Ruellia, duas delas cleistógamas: R. brevifolia e R. menthoides. Na terceira espécie, R. subsessilis, não foi registrada cleistogamia típica (flores casmógamas e cleistógamas), mas foram observados botões florais em pré-antese com autopolinização espontânea, polimorfismo floral e alta frutificação, apesar da ausência de polinizadores, ressaltando a necessidade de estudos complementares sobre a sua reprodução. Os objetivos foram verificar a produção e sazonalidade de morfos florais distintos, as diferenças morfológicas e biológicas entre os morfos, a contribuição deles na produção de frutos, suas estratégias reprodutivas e a qualidade das sementes produzidas. Ainda, para melhor compreender a dinâmica reprodutiva, foram estudados aspectos fenológicos e a influência da disponibilidade hídrica na produção dos morfos em indivíduos de população natural e cultivados. Foram também cultivados indivíduos da cleistógama R. brevifolia, para fins comparativos. Os estudos foram conduzidos de janeiro/2009 a janeiro/2010 em indivíduos de populações naturais de R. subsessilis da Mata do Paraíso, fragmento de Floresta Atlântica, e do Horto Botânico e em indivíduos de R. subsessilis e R. brevifolia cultivados em casa de vegetação, em Viçosa. Nas estações seca e chuvosa, foram medidos os verticilos florais e contados os números de óvulos e de grãos de pólen, verificada sua viabilidade, a receptividade do estigma, a presença de nectários e de néctar e a longevidade das flores. Foram realizados testes de polinização e verificados o comprimento, o peso e a velocidade de germinação das sementes. Foram calculados os índices de atividade, para classificar a sincronia, e a intensidade de produção de flores e de frutos. Contaram-se os números de flores e de frutos por inflorescência aleatoriamente marcada. Nos indivíduos cultivados foram aplicados tratamentos de escassez hídrica no solo, medidas as alturas das plantas e calculadas as suas massas secas. Também foram contados os números de flores, de frutos e de sementes produzidas e a identificação de morfos foi através de morfometria floral em R. subsessilis e, por observação da presença de flores casmógamas ou de frutos em R. brevifolia. Constatou-se a produção sazonal de dois morfos florais: casmógamo reduzido (CR), na estação seca, e casmógamo normal (CN), na chuvosa. Foi observada em baixa freqüência (2,82%), na estação seca, um variante do morfo CR, que apresentou cleistogamia “pré-antese”. Morfos CR apresentaram menor comprimento de corola, estames, anteras e pistilo, menores números de óvulos e de grãos de pólen e maior longevidade das flores em relação aos CN. Os morfos CR parecem mais aptos à autogamia e os CN à alogamia, mas em ambos se verificou a autopolinização tardia. As sementes oriundas da autogamia foram mais pesadas e germinaram mais rápido que as oriundas de xenogamia. A floração e a frutificação foram contínuas com picos de intensidade máxima em janeiro e, mínima, em agosto, de forma que a distribuição foi sazonal e concentrada na estação chuvosa. A floração apresentou baixa sincronia ou assíncrona e a frutificação apresentou alta sincronia ou assíncrona. Foi encontrada relação significativa de aumento na intensidade da floração com o aumento da precipitação. A produção de flores por inflorescência foi significativamente maior na estação chuvosa, enquanto a produção de frutos por planta e por inflorescência não diferiu significativamente. Nos indivíduos cultivados, das espécies, foram observadas maior altura e massa seca das plantas sob maior disponibilidade hídrica. A produção de flores, frutos e sementes foram significativamente maiores nas plantas de R. subsessilis sob maior disponibilidade hídrica. Foram produzidos distintos morfos florais em R. subsessilis: CN sob maior disponibilidade hídrica e CR sob os tratamentos de escassez. Em R. brevifolia, flores cleistógamas foram produzidas sob escassez hídrica e flores casmógamas sob maior disponibilidade hídrica, condição em que se registrou maior produção de frutos. A partir desses resultados, pode-se inferir que R. subsessilis se mantém por autogamia no local de estudo, sem contudo excluir a possibilidade de xenogamia. O crescimento vegetativo e o sucesso reprodutivo de plantas cultivadas de ambas as espécies são influenciados pela disponibilidade hídrica no solo, o que também induz a produção de morfos florais distintos.