Frações da matéria orgânica e decomposição de resíduos da colheita de eucalipto em solos de Tabuleiros Costeiros da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Silva, Eulene Francisco da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Fertilidade do solo e nutrição de plantas; Gênese, Morfologia e Classificação, Mineralogia, Química,
Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1583
Resumo: O eucalipto é a essência florestal mais plantada no Brasil e, quando se visa manter a sustentabilidade da produção florestal, é imprescindível entender os processos de decomposição de litter e o impacto do cultivo do eucalipto nas frações da matéria orgânica do solo (MOS). A conversão de pastagens em florestas plantadas de eucalipto modifica as frações lábeis e humificadas da MOS, mas a magnitude destas alterações é pouco conhecida no bioma da Mata Atlântica de Tabuleiros Costeiros. Assim, nos dois primeiros capítulos deste trabalho são relatadas as mudanças causadas pelo cultivo do eucalipto nos estoques de C e N nessas frações. Os solos selecionados foram amostrados nas profundidades em 0-10, 10-20, 20-40, 40-60 e 60-100 cm, de áreas anteriormente ocupadas por pastagem e, atualmente, cultivadas com eucalipto no final da primeira rotação - eucalipto implantação; eucalipto na segunda rotação cultivado em sistema de reforma eucalipto reformado; pastagem e, mata nativa, esta última tomada como referência. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com seis repetições, sendo os tratamentos analisados em parcelas subdivididas (usos do solo na parcela e profundidades na subparcela). A substituição da mata nativa pela pastagem, e a implantação do eucalipto em área de pastagem ocasionaram reduções nos estoques de C orgânico total (COT), C lábil, C da matéria orgânica leve livre (MOLL) e, substâncias húmicas (SH). No entanto, quando cultivado sob reforma, em 2ª rotação, houve recuperação do estoque de C nestas frações, retornando aos valores similares àqueles do solo sob mata nativa. A pastagem foi o uso do solo que manteve os maiores estoques de nitrogênio (N) em todas as frações da MOS. Assim como o C, a maior parte deste N no solo sob pastagem está associada à fração humina. A análise do C nas SH foi sensível para detectar diferenças entre os diferentes usos do solo, porém, a magnitude dos efeitos são maiores nas frações mais lábeis e de labilidades intermediárias da MOS. O estoque de C da fração mais lábil (biomassa microbiana do solo) não foi diferente estatisticamente nas camadas mais superficiais e somente se detectou diferença significativa quando os estoques foram analisados juntamente com aqueles em maiores profundidades. A adoção do cultivo mínimo, o descascamento do tronco na área de plantio, e o aumento da adubação, especialmente com N, em áreas plantadas com eucalipto, têm gerado resíduos que se acredita serem de melhor qualidade. Todavia, não se têm relatos sobre o tempo de ciclagem dos diferentes componentes do resíduo da colheita e como esta é influenciada pelo teor de N do tecido vegetal. No terceiro capítulo, são apresentados resultados de estudo sobre a dinâmica da decomposição de resíduos de eucalipto, com diferentes composições (com e sem a presença de casca) e teores iniciais de N, em condições climáticas distintas na Bahia. Os resíduos folha e galho utilizados nesse estudo de decomposição foram provenientes de um mesmo local, oriundos de um experimento de adubação nitrogenada. Árvores clonais de híbridos de Eucalyptus grandis com E. urophylla não fertilizadas com N e, árvores que foram submetidas a altas doses de N (320 kg ha-1), com cerca de três anos de idade, foram abatidas e separadas em folha e galho. A casca foi oriunda de um povoamento de clones do mesmo híbrido com 7,4 anos de idade recém colhido. Folhas, galhos e cascas foram secos, pesados e colocados dentro dos litter bags, na forma mais similar àquela encontrada no campo após a colheita, sendo que cada litter bag continha 40 g de resíduo homogeneizado. Os litter bags foram alocados em cinco regiões (Oeste, Central A, Norte, Central B e Sul - listadas em ordem crescente de pluviosidade). Os tratamentos consistiram de: duas composições de resíduo (folha + galho, com ou sem casca), duas qualidades nutricionais (maior ou menor teor inicial de N); cinco épocas de coleta (0, 1, 3, 6 e 12 meses), dispostas em cinco regiões do Estado da Bahia. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com cinco repetições, e os tratamentos dispostos em parcelas sub-sub-divididas (parcelas = tratamentos, subparcelas = regiões e sub-sub-parcelas = tempo). Os resíduos com maiores teores iniciais de N e em regiões com maiores precipitações pluviais foram mais rapidamente decompostos. O tempo necessário para a decomposição de 50 % de todo o resíduo combinado (folha + galho + casca) da colheita (t0,5) variou de 248 a 388 dias para resíduos com maiores teores iniciais de N e, de 322 a 459 dias para resíduos com menores teores iniciais de N. Todavia, com exceção da região Oeste, na presença de casca, os resíduos combinados com maiores teores de N reduziram a constante de decomposição (k) e aumentaram o valor de t0,5. Dos componentes individuais do litter, as folhas foram mais rapidamente decompostas e as taxas de decomposição variaram em função das condições ambientais, sendo mais elevada em regiões de maiores precipitações pluviais. A decomposição do galho foi estimulada pela presença da casca e pelo teor inicial mais elevado de N. Para casca, observou-se comportamento inverso, pois na presença de resíduos com maiores teores iniciais de N, houve menor decomposição. Para galho e casca, a relação C:N e lignina:N foram importantes indicadores da resistência do material à decomposição, pois quanto maior essas relações maior foi a permanência do resíduo na área. Na folha a liberação de N foi similar à dinâmica de decomposição do litter, enquanto que em materiais mais recalcitrantes (galho e casca) foi observada imobilização líquida de N.