O Parque Estadual do Rio Doce/MG e a qualidade de vida da população de seu entorno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Melo, Deyse Lílian de Moura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9176
Resumo: Este trabalho faz parte de um Projeto de Pesquisa Institucional que trata das relações entre população e meio ambiente. A presente pesquisa consiste em avaliar um problema: de que forma uma intervenção governamental e sua gestão podem interferir no modo de vida da população local. O local do estudo compreendeu as zonas ao redor das áreas remanescentes de Mata Atlântica, existente no Estado de Minas Gerais, especificamente a população do entorno do Parque Estadual do Rio Doce – PERD, pertencente ao Município de Marliéria/MG. O universo da pesquisa envolveu um conjunto de produtores que residem na divisa direta com o PERD e em suas áreas circundantes. Para a obtenção de uma visão global da realidade foram utilizados diferentes métodos de coleta de dados, provenientes de fontes secundárias e primárias. Além disso, procurou-se combinar métodos de natureza qualitativa e quantitativa; tendo como referencial teórico a abordagem ecossistêmica. A dinâmica do desenvolvimento do macroambiente, especificamente nas áreas do entorno do PERD, carateriza-se por uma situação histórica de estagnação, em termos de reprodução simples ou de subsistência da atividade agropecuária e, inclusive, de decadência sócio- econômica da sua população, que apresentou uma redução em sua taxa média de crescimento; com carência em termos de infra-estruturas básicas, sócio- institucionais e organizacionais. Os produtores, principalmente do sexo masculino, casados, com mais de 60 anos; possuíam baixo nível de escolaridade e alta experiência na atividade agropecuária, experiência esta, compartilhada com outro membro da família, em sua maioria, do tipo nuclear e na fase de dispersão do ciclo de vida. Quanto aos seus sistemas de produção local, o microambiente manteve um perfil econômico rural de baixo nível tecnológico e rendimentos; com fortalecimento da pecuária leiteira extensiva, sustentada pela posse da terra, no uso intensivo da mão-de-obra familiar e com baixo nível de capitalização. Considera-se, que esse comportamento cíclico do sistema de produção não ocorreu por interferência direta da implantação do PERD, mas por políticas de controle do desmatamento e pelas condições do mercado, quando as siderúrgicas optaram pelo coque importado, em detrimento do carvão vegetal, com redução das suas atividades. Os resultados indicaram que a forma usual de produção dos agricultores familiares do entorno do PERD não proporcionou, em termos gerais, capacidade real de pagamento suficiente para remunerar todos os fatores e para reinvestir no aumento da produtividade dos recursos naturais e humanos; com efeitos sobre a sustentabilidade técnico-econômica e social desses sistemas produtivos. Desta forma, mesmo que os resultados tenham mostrado a ocorrência de mudanças relevantes, tanto no micro como no macroambiente em estudo, na percepção dos produtores a implantação do Parque Estadual do Rio Doce (PERD) pouco ou nada influenciou nessas transformações, principalmente no que diz respeito às suas expectativas em termos de uma melhor qualidade de vida; ainda que, no que tange à preservação da natureza, a contribuição do Parque tenha sido considerada de importância fundamental. Entretanto, em função dos conhecimentos e das percepções da população do entorno, conclui-se que, apesar do PERD ser considerado um centro de referência nacional, em termos de suas infra-estruturas de apoio ao turismo, pesquisa e educação ambiental, o mesmo não possui uma relação simétrica com os agricultores familiares locais, por focalizar a educação coercitiva, não contemplar a ecologia humana, privilegiar a preservação da biodiversidade biológica e não atender a um dos objetivos da Lei do SNUC- 2000, que é o de propiciar o desenvolvimento rural com garantia de subsistência das populações tradicionais locais, integrando-as à unidade de preservação.