Efeitos do fungicida Difenoconazol e do herbicida Tebuthiuron em larvas do mosquito Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Miranda, Franciane Rosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Biologia Celular e Estrutural
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/31682
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2023.408
Resumo: O Aedes aegypti é o vetor de importantes arbovírus, são holometábolos, com ciclo de vida constituída por ovos, larvas, pupas e adultos. O intestino médio tem papel central em diferentes aspectos da biologia do mosquito, atuando em diferentes processos fisiológicos, como digestão e absorção de nutrientes. O epitélio é formado por três tipos celulares: células digestivas, regenerativas e enteroendócrinas. Todo o epitélio é completamente remodelado durante a metamorfose, onde ocorrem diferentes processos celulares que culminam na proliferação, diferenciação e morte celular do epitélio intestinal, com a participação de diferentes vias, que atuam como amplificador, retransmissor e integrador de sinais de uma gama diversificada de estímulos extracelulares, controlando os diferentes processos celulares. Compostos químicos de uso comercial, como os fungicidas e os herbicidas, apresentam propriedades que causam danos potencias ao meio ambiente e organismos não-alvos, levando a uma bioacumulação nos organismos e a uma transferência trófica subsequente para os predadores. Assim, foi demostrado a possível toxicidade do fungicida difenoconazol e do herbicida tebutiuron, avaliando os efeitos causados pela exposição nas larvas de A. aegypti. A exposição ao difenoconazol (concentração de campo) levou a uma significativa mortalidade larval (80%) e afetou negativamente a atividade locomotora. Além disso, a exposição reduziu a atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD), glutationa S-transferase (GST) e da catalase (CAT), levando a um desequilíbrio no estado antioxidante, além da ativação da via de apoptose ativada por Caspase-3 e da autofagia das células digestivas do intestino médio. A exposição também comprometeu a diferenciação celular e a reorganização do tecido, como demostrado pela diminuição das proteínas positivas para Wnt, Armadillo, Caderina, Notch/Delta e Prospero e a redução no número de células proliferativas positivas para PH3 e das células enteroendócrinas positivas para FMRF-amida, prejudicando a manutenção do epitélio intestinal. A exposição ao tebutiuron causou 50% de mortalidade em 72h após a exposição, e estimulou a atividade locomotora em relação ao controle. A exposição ao herbicida mostrou desorganização do epitélio intestinal larval, além de diminuir a atividade enzimática da SOD e CAT, que pode estar ligado a inativação dessas enzimas pelo excesso de produção das espécies reativas de oxigênio (ROS). Por outro lado, a exposição ao herbicida não levou ao aumento na detecção de Caspase-3, LC3/AB e JNK nas células digestivas, porém, houve diminuição das células positivas para ERK 1/2, Wnt, Armadillo, Caderina, Notch/Delta e Prospero, afetando a diferenciação celular e reorganização do tecido e também diminuição do número de células em proliferação, positivas para PH3 e das células enteroendócrinas FMRF-positivas, indicando que pode haver comprometimento na remodelação e renovação do epitélio intestinal. Assim, o difenoconazol e o tebutiuron são produtos que causam danos importantes ao intestino médio larval, indicando que há uma toxicidade em larvas de A. aegypti, comprometimento sua sobrevivência e desenvolvimento, além de ser prejudicial ao meio ambiente, pois, ambos são utilizados comercialmente na agricultura, que podem afetar outras espécies, atingindo níveis tróficos superiores, que pode causar danos em todo ecossistema. No entanto, são necessários mais estudos para compreender melhor os efeitos tóxicos em diferentes organismos não-alvos aquáticos, que embora o modo de ação de cada composto não tenha como alvo os insetos, foi demostrado ter um efeito negativo. Palavras-chave: Agroquímicos. Efeitos subletais. Sinalização Celular. Organismos não-alvo.